A Inquietação

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Beatriz sentia uma inquietação crescente nos últimos dias. Sua filha, Diana, parecia cada vez mais distante, e esses repentinos sumiços despertavam preocupação em seu coração. Não era segredo que a relação entre mãe e filha havia passado por muitos altos e baixos, mas Beatriz sempre zelou pelo bem-estar de Diana.

Em uma noite de céu estrelado, enquanto preparava o chá na sala de estar, Beatriz não pôde deixar de remoer as preocupações. Sentada à mesa, olhava para a janela, tentando desvendar o que acontecia com sua filha.

A ausência frequente de Diana nos jantares, seu silêncio e evasivas quando questionada... tudo contribuía para a intranquilidade de Beatriz. Ela lembrava das discussões passadas com a filha e de como as opiniões divergentes as afastaram.

"Será que ela está bem?", pensava, as mãos ansiosas apertando a xícara de chá. O vazio do palácio parecia ecoar a distância que se abria entre elas. Beatriz suspirou, tentando manter a compostura, mas a angústia continuava a crescer.

De repente Diana adentra o salão principal, direcionando os olhos de Beatriz.

Beatriz observou Diana enquanto ela se aproximava pela sala. Seus olhos expressavam um misto de preocupação e curiosidade, mas também um desejo de reconstruir algo que parecia se desfazer entre elas.

— Olá filha! — Ambos olhares se encontraram.

— Oi, Beatriz.

A filha ainda se recusava a chamá-la de mãe, apesar de ter deixado de lado por um momento a investigação acerca do fato de Beatriz ter tido tanto interesse na mudança para o Coven do Sul. Agora ela tinha outras preocupações, mas, não havia esquecido do que já vivenciou no passado com aquela mulher.

— Você tem um momento para conversarmos? — Falou de forma gentil.

Diana assentiu, tentando ocultar o incômodo sob um semblante tranquilo.

— O que deseja?

Beatriz hesitou por um instante, buscando as palavras certas para abordar um assunto tão delicado.

— Tenho notado que você anda um pouco distante ultimamente. Sei que nem sempre concordamos, mas gostaria de entender melhor o que está acontecendo. Você parece... preocupada, distraída... é evidente que suas notas permanecem excelentes, mas...

Diana desviou o olhar por um breve momento antes de responder.

— É que... têm sido dias um pouco confusos. As disciplinas me exigem muito e há distintos conteúdos a serem estudados.

— Eu entendo, querida. Mas sinto que há algo mais. Você sumiu algumas vezes e parece tão distante quando está aqui.

— Garanto que não há nada que precise se preocupar. — Fria. — Não há nada demais.

Beatriz observou atentamente a filha, buscando compreender para além das palavras ditas.

— Diana, sei que nem sempre fomos capazes de conversar abertamente, mas estou aqui. Eu me importo contigo, mais do que imagina. Se há algo que eu possa fazer para te ajudar...

Diana sentiu uma onda de emoções inundando seu peito. Era difícil para ela abrir-se, mas a expressão de preocupação genuína nos olhos de sua mãe a fez reconsiderar.

— É que... tem sido um período um pouco intenso, eu admito. Estou conhecendo pessoas novas, explorando novas ideias... e talvez eu não saiba muito bem como lidar com isso.

Beatriz assentiu, tentando transmitir conforto através do seu olhar.

— Mudanças podem ser desafiadoras, querida. Mas saiba que estou aqui para te apoiar, mesmo que não entendamos tudo uma da outra. Quero estar presente.

Diana sorriu, uma mistura de alívio, mas também incerteza.

— Obrigada. Eu aprecio muito isso.

Diana se virou e subiu as escadas sem dizer mais nada. Os olhos de Beatriz se encheram de água, ver como sua filha era indiferente a ela, doía em sua alma, no entanto, ela sabia que não era inocente e a estrutura atual, a mesma havia criado.


Realidades Ligadas - O Despertar da Maldição V.1Onde histórias criam vida. Descubra agora