A Feira Anual

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A Feira Anual de Artefatos Mágicos pulsava com uma energia contagiante, envolvendo Diana e Victor em um turbilhão de acontecimentos, ambos presentes por razões diferentes. O mercado, repleto de feiticeiros negociando com duendes comerciantes, emanava um burburinho animado, enquanto o aroma de poções mágicas flutuava pelo ar, criando um cenário encantador. Diana, curiosa e interessada em itens artesanais, percorria as barracas em busca de preciosidades, absorvendo cada detalhe da atmosfera mágica.

Em um acaso guiado pelo destino, os passos de Diana a levaram a um estande particularmente movimentado. No centro da agitação, uma pedra mágica de cura se tornava o objeto de desejo de diversos compradores, cada um mais determinado que o outro. A essência benevolente do artefato era palpável, e Diana sentiu-se atraída pela aura positiva que emanava dele.

Enquanto a disputa pelo objeto se intensificava, uma mulher de cabelos bagunçados gritava, tentando arrancar a pedra das mãos do vendedor duende. Em meio ao caos, um homem baixinho e barrigudo também reivindicava sua posse, desencadeando uma série de protestos entre os presentes. O duende, por sua vez, estava prestes a ser engolido pelo tumulto.

Foi nesse momento que Victor, observando discretamente a situação, viu uma oportunidade. De repente percebeu um rosto familiar, era Diana, e então ele se dirigiu até ela.

— Oha o que temos aqui! —Exclamou.

A garota que até o momento não havia percebido a sua presença o olhou.

— Ah é você. — O respondeu com pouca animação.

— Que tal ver essa pedra em minhas mãos, em instantes? — Victor sugeriu.

— Boa sorte em sua tentativa. — Falou com desdém. Parecia um blefe, uma tentativa de impressioná-la, mas ela estava decidida a não cair no jogo dele.

Então, sem aviso, Victor desapareceu em um piscar de olhos, apenas para reaparecer instantes depois, segurando a desejada pedra mágica. Sua voz ressoou alto, atraindo a atenção de todos no entorno. A multidão, agora percebendo que a pedra estava em posse de Victor, avançou, e Diana que estava ao seu lado com certeza seria engolida pelo tumulto.

Com agilidade sobrenatural, Victor segurou as mãos de Diana e os dois se afastaram rapidamente, com a velocidade característica de um vampiro. A sensação de correr pelas vielas movimentadas da Feira Anual de Artefatos Mágicos era frenética para Diana. A multidão, agora ciente da posse da pedra mágica, perseguia-os, criando uma atmosfera caótica. Seus passos rápidos e a adrenalina pulsante conferiam uma urgência ao escape. Victor, segurando firmemente as mãos de Diana, a guiava com uma destreza sobrenatural através do tumulto.

Finalmente, após uma corrida intensa, eles encontraram um refúgio seguro. Um beco tranquilo e escondido, longe dos olhares curiosos e da agitação da feira. O lugar, iluminado por lamparinas mágicas, tinha um ar de misticismo e silêncio, oferecendo uma pausa bem-vinda após a corrida alucinante.

Diana, assim que pararam, retirou suas mãos das de Victor, encarando-o com uma expressão séria. Seus olhos refletiam uma mistura de preocupação e raiva.

— Você enlouqueceu? Pôr-nos em meio a essa confusão só para conseguir uma pedra? Ou melhor, roubá-la. — Diana questionou, sua voz carregada de reprovação. — Isso foi infantil e inconsequente.

Victor, por sua vez, encarou Diana com um olhar impassível, mas algo em sua expressão sugeriu que ele estava ciente da temeridade de suas ações.

— Foi uma situação controlável. Além disso, agora tenho a pedra. — Victor tentou justificar, mas a expressão de Diana indicava que ela não aceitaria desculpas tão facilmente.

— Isso não justifica. Você age como se as suas ações não gera-se consequências.. — Diana continuou, sua voz carregada de frustração.

Um breve silêncio pairou sobre o beco, interrompido apenas pelo murmúrio distante da feira. Diana, mantendo o olhar firme, aguardava uma resposta de Victor, esperando que ele compreendesse a gravidade da situação que havia criado.

— Você é muito careta, uma aventura de vez enquanto não faz mal a ninguém.

— Não me interessa o que você acha. — Ela o olhava fixo. — E eu espero que você não cruze o meu caminho novamente, não quero ter novos desprazeres.

Conforme Diana se virou, deixando Victor para trás, um misto de emoções se manifestou no rosto do vampiro. Ele permaneceu no beco tranquilo, encarando o vulto que se afastava. Seu semblante, normalmente confiante e descontraído, agora refletia uma expressão mais sombria, revelando uma camada mais profunda de sua personalidade.

A frustração de Diana ecoou em seus pensamentos, fazendo-o ponderar sobre suas ações impulsivas. A sensação de rejeição, apesar de sua postura indiferente, começou a pesar sobre ele. Diana não era apenas mais uma garota qualquer, era alguém que, de alguma forma, mexia com as suas certezas imortais e ele não sabia o motivo e isso começava a perturbá-lo. 

Realidades Ligadas - O Despertar da Maldição V.1Onde histórias criam vida. Descubra agora