A Despedida

8 1 0
                                    

O jardim ornamentado por uma variedade de plantas mágicas, era carregado consigo uma lembrança especial. Um canteiro de rosas vermelhas, cultivado ao longo dos anos, representava as risadas compartilhadas com suas amigas. Uma árvore encantada, cujas folhas brilhavam suavemente à noite, era o testemunho silencioso de momentos de reflexão e solidão.

Um banco de pedra, gastado pelo tempo, ocupava o centro do jardim. Era ali que Diana costumava sentar-se, observando as estrelas e traçando planos para o futuro. Cada entalhe na pedra contava uma história, desde as primeiras lições de magia até os segredos compartilhados em noites de confidências com suas amigas.

Ao redor do jardim, pequenas luzes mágicas flutuavam, criando uma atmosfera etérea e acolhedora. O som suave de uma fonte mágica, escondida entre as folhagens, proporcionava uma trilha sonora serena, como se o próprio coven estivesse sussurrando segredos de sabedoria ancestral. As lembranças de Diana estavam entrelaçadas com cada aspecto desse jardim. Ali, ela aprendeu seus primeiros encantamentos, celebrou conquistas e enfrentou desafios. Cada flor, cada folha, carregava consigo um pedaço da jornada mágica que havia percorrido.

A tristeza de deixar aquele lugar especial era amplificada pela sensação de que estava se despedindo não apenas do jardim, mas de uma parte de si mesma. O coven do norte havia sido não apenas uma escola de magia, mas um lar onde ela cresceu, amadureceu e criou laços inquebráveis. Cada detalhe do ambiente ressoava com as lembranças preciosas que Diana carregaria consigo, como uma bagagem de experiências que moldaram sua jornada mágica e pessoal.

Finalmente, o momento de despedida do coven do norte chegou para Diana. Cada passo que ela dava para longe daqueles corredores familiares parecia afastá-la não apenas fisicamente, mas também emocionalmente da vida que conhecia. Cada adeus era como uma pequena faca cravada em seu coração, regado por lágrimas silenciosas que escorriam de seus olhos, testemunhando a angústia que ela sentia ao se despedir.

Diana começou a se despedir de alguns conhecidos, abraçando cada um deles como se quisesse gravar na memória cada rosto, cada gesto de afeto. A sala comum, onde tantas risadas e histórias foram compartilhadas, parecia agora um cenário melancólico. Os cantos que antes eram acolhedores estavam tingidos de saudade e despedida.

O abraço caloroso de seu trio favorito de amigas, Luiza, Mirela e Denise, foi um momento de consolo e dor profunda ao mesmo tempo. O calor humano e a amizade que irradiavam trouxeram um breve alívio, mas também ressaltaram a dor iminente da separação. Deixar para trás seus laços, especialmente suas melhores amigas, era uma agonia insuportável, tornando a despedida ainda mais difícil após a perda recente de seu pai. A simples ideia de estar longe de seus vínculos era uma mistura avassaladora de dor e silêncio. O coração de Diana parecia pulsar com um peso angustiante, enquanto a melancolia se infiltrava em cada fibra de seu ser. A cada despedida, ela se via envolta em um silêncio pesado, onde as palavras de adeus reverberam como um eco doloroso.

O silêncio era também o escudo que Diana mantinha, incapaz de expressar completamente o turbilhão de emoções que a envolvia. A revolta que sentia em relação a sua mãe, Beatriz, era como um fogo ardente dentro dela. Beatriz, gélida e egoísta, era a causa de grande parte da dor que Diana carregava. A ideia de ter que deixar para trás suas amizades e, especialmente suas melhores amigas, era quase insuportável.

A revolta era intensa, mas o silêncio prevalecia. Diana sabia que não poderia proferir as palavras carregadas de ressentimento que fervilhavam em sua mente, especialmente em relação à sua mãe, no fundo de seu íntimo havia uma voz que sussurrava: que deveria ter sido sua mãe no lugar de seu pai, era um eco inconveniente que a perturbava, mas nas atuais circunstâncias, restava-lhe apenas ser forte, engolir o choro que a dilacerava por dentro, mas que teimava em ser um grito sufocado por cada fibra de seu ser. O processo de despedida transformava-se em um ato de resistência silenciosa, onde Diana encarava a dor, a revolta e a saudade como um fardo a ser suportado até que o tempo lhe trouxesse novos horizontes e possibilidades.

Realidades Ligadas - O Despertar da Maldição V.1Onde histórias criam vida. Descubra agora