Capítulo IV || Bad Day

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— O que aconteceu, mamãe? — Questiono preocupada ao ver o estado em que ela se encontra, trêmula e chorando.

— O Dobby, filha! — Ela exclama, e o choro aumenta.

Estou vendo que o Dobby não está aqui e já penso no pior.

— Calma, mamãe, senta aqui. — Digo, amparando-a com os braços e colocando-a no sofá. — Respira fundo e me conta o que aconteceu.

Ela parece se esforçar para recuperar o controle e, após alguns segundos, começa a falar ainda soluçante.

— Você lembra que a veterinária tinha falado que era bom levar o Dobby de vez em quando para fazer algumas caminhadas curtas, não lembra?

— Sim, lembro.

— Então, eu tinha encomendado um bolo de chocolate como você gosta para hoje, naquela confeitaria nova que abriu perto da praça...

— Sei.

— E resolvi levar o Dobby junto para fazer um pouco de exercício.

— Certo. — Tento manter o tom de voz tranquilo, para que ela continue sem desatar a chorar de novo.

— Aí encontrei a mãe da Kim, dona Vilma, e paramos para conversar. Foi muito rápido. Acabei me distraindo e soltei a guia do Dobby que foi para a rua e... E... Veio um carro... — Ela volta a soluçar.

— Ele foi atropelado, mãe? — Pergunto com o coração na mão.

Ela assente, chorando.

— Ele morreu? — Estou chorando também.

— Não. — Ela balança a cabeça negando. — Está muito mal, mas a dona Vilma viu minha situação e me ajudou a chamar o pessoal da clínica para buscá-lo. Ele agora está internado, mas está muito grave, Cissy. Me perdoa... Eu não devia ter me distraído.

— Tá tudo bem, mamãe. — Digo abraçando-a. — Você fez o melhor que podia. Dobby está velhinho, mas é guerreiro, já passamos por tanta coisa, ele vai sair dessa. E, se for a hora dele, vamos ficar em paz sabendo que sua vidinha foi muito feliz aqui com a gente.

— Eu estraguei seu aniversário, estrelinha.

— Não. Você está aqui comigo, como sempre estivemos e sempre estaremos em todos os aniversários. Isso é o que importa.

Nos aconchegamos no sofá e, sem perceber, acabamos adormecendo as duas juntas, chorando abraçadas.

Quando acordo, me levanto com cuidado para não despertá-la, coloco um cobertor sobre suas pernas e vou até a caminha de Dobby, agora vazia. Será que ele ainda vai voltar pra cá? Ou devo me preparar para perder para sempre o companheiro que esteve comigo pela maior parte da minha vida?

★★★

Nos dias seguintes, vou todas as tardes, assim que saio do trabalho até a clínica visitar Dobby. Hayley, a veterinária que está cuidando dele não me dá muitas esperanças, apesar de claramente estar fazendo o melhor que pode.

Quando vê meu estado, Aiden faz pouco caso.

— É só um cachorro, Cissy. Você não pode entrar em depressão por causa de um cachorro. Todo mundo sabe que eles vivem menos que nós. Se Dobby morrer, é só adotar outro. Um filhote novinho em folha vai te animar.

Acho que esse é o jeito dele tentar me fazer sentir melhor, mas definitivamente não funciona nem um pouco.

★★★

Faz cinco dias que Dobby está internado e Hayley está cada vez mais pessimista quanto ao seu estado de saúde.

No café da manhã, antes de sair para o trabalho, converso com a minha mãe sobre isso e, depois de nos lamentarmos pela situação do nosso cachorrinho, ela aproveita para perguntar sobre Aiden.

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