Bônus || Fairy Tale (parte 3)

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Já começo a imaginar a sensação aveludada dos lençóis negros da cama à frente contra a minha pele, mas Ez chama a minha atenção.

— Eu sei que você quer que eu te possua aqui mesmo, mas ainda não. Preciso que nossa primeira vez nesse mundo seja no quarto. Temos que estreá-lo.

Voltamos, então, para o elevador e Ez e eu nos olhamos pelo que seriam no máximo uns dois segundos antes de nos atracarmos um no outro. Ele puxa meu cabelo para trás e começa a chupar minha garganta exposta. Com o outro braço me segura por baixo e eu o envolvo com as pernas. Meu vestido sobe até às coxas com o movimento. Seguro seu pescoço e ele olha para cima, encaixando sua boca na minha. A energia age em volta de nós, nos estreitando ainda mais um no outro. Tudo parece novo e mais pungente e eu quero que dure para sempre.

Penso que talvez ele tenha mudado de opinião e queira fazer aqui mesmo e por mim está perfeito. Não aguento mais essas roupas formando barreira entre nós, mas o elevador faz o barulhinho que já conheço e para, embora não abra suas portas. Ezra me põe no chão e a corda invisível tensionada ao nosso redor se afrouxa. Ele ajeita a minha roupa, enquanto respiro com força, tentando recuperar alguma dignidade.

"Não quero o que me pertence sendo exposto aos empregados."

Como ainda estou muito ofegante para falar, pergunto sem palavras.

"Você não disse que eles estariam fora de vista?"

"Isso não quer dizer que não possam ver..."

Ele passa a mão nos meus cabelos que já devem estar uma bagunça e fica olhando para o meu rosto, como se estivesse sob algum encanto. O elevador repete o barulhinho e ele parece despertar. Ezra entrelaça seus dedos nos meus e finalmente saímos.

— Temos escadas, mas o elevador é mais rápido, ideal para quando sinto tanta pressa para estar dentro de você. — Ele comenta assim que paramos diante da porta. — Meus conselheiros queriam que os decoradores preparassem uma outra suíte, a "suíte da rainha", o que claramente é uma ideia absurda. Jamais ficaremos separados outra vez, amor; minha mulher dorme comigo. Sempre. E tudo o que você precisar fazer num quarto poderá fazer na minha frente. — Ele continua, ao ter sua mão escaneada para que a porta destranque.

Meu coração acelera no peito. Nunca mais estaremos separados... Esse é o meu maior desejo.

Quando entramos no quarto, a grande cama de ébano logo chama a minha atenção; sua cabeceira é estofada em couro preto, o mesmo material do recamier aos seus pés. Acima dela, há uma estrutura redonda e decorada, feita da mesma madeira negra da cama e, pendendo dessa estrutura, luxuosos tecidos cor de vinho formam o dossel, que agora está recolhido, adornando as laterais do móvel. Ela está revestida com lençóis em diferentes tons de vermelho-vinho, combinando perfeitamente com as almofadas e travesseiros que a enfeitam.

Observo que o chão, ao contrário de tudo o que vi do castelo, também é de madeira escura, trazendo uma sensação de conforto ao lugar.

Os criados-mudos seguem o padrão e ostentam sobre si abajures elegantes que emitem uma luz âmbar. Abajur, a palavra que nunca usei, sorrio.

No piso, um tapete de pêlo alto, mesclado em tons de vinho, cinza e preto, está encaixado a partir dos pés da cama, abrangendo o recamier e um espaço considerável do quarto.

Em frente à área de descanso, há uma lareira escavada na pedra que está apagada, seu calor desnecessário durante o dia agradável de Aeternum e, ao lado, uma poltrona de couro preto que parece confortável. Acima da lareira há uma grande tela de cristal líquido. É a televisão daqui, imagino.

O MESTRE de marionetes Onde histórias criam vida. Descubra agora