Capítulo VI || Look What You Made Me Do

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Passei a terça-feira toda de cama sentindo que até meu cabelo dói. Não o couro cabeludo, o próprio cabelo como uma dor fantasma. Usei esse tempo fazendo exercícios para recuperar minha voz, o que milagrosamente está acontecendo, e também para pensar... É a segunda experiência de quase morte em que Ezra me coloca e sempre para me passar uma lição: ele tem minha vida em suas mãos. Não posso me esquecer disso nunca, a não ser que queira viver essa situação uma terceira vez, o que certamente não quero.

Na quarta-feira estou um pouquinho melhor, mas ainda assim fico enrolando na cama. Ezra dorme comigo e me faz carinho, mas não me toca intimamente desde segunda e por mim tudo bem. Acho que vou levar alguns dias para conseguir fazer amor de novo, uma vez que estou toda dolorida ali embaixo depois de ter sido possuída pela "versão a se evitar" de meu Amo, seja lá o que isso signifique. Tentei chegar a uma conclusão sobre o que aconteceu, mas desisti, com o cérebro quase entrando em combustão. Nada faz sentido. Além disso, tenho que concentrar todas as minhas energias para a apresentação de amanhã. Ele já avisou que o encontro com espectadores foi cancelado até que eu esteja plenamente recuperada, então só preciso conseguir fazer meu papel decentemente.

O Mestre está na cozinha preparando algo para comermos, depois de dar ração para Zade, quando ouço a campainha tocar. Deve ser alguma entrega, já que não estamos esperando visitas.

Tenho uma surpresa ao ver, um minuto depois, Ezra entrar no quarto acompanhado de Ryan.

Fico um pouco receosa, mas se ele o está trazendo, acho que tenho autorização para ao menos conversar.

— Ryan sabe que suas sessões estão suspensas até a segunda ordem, mas veio para ver como você se sente, após receber sua punição. — Ele anuncia.

— Estou bem. — Sorrio, tentando me ajeitar nos travesseiros, ainda com muita dor.

Ryan percebe minha dificuldade de movimentos e se volta para Ezra.

— O que você fez com ela, seu merda? — Ele pergunta, rapidamente fora de si.

— Dei o que uma traidora merece receber.

— Não vê como ela está? Mal consegue se mexer, morrendo de dor...

— E você não viu o pior... Cecilia, levante o cabelo e mostre o pescoço. Sei que é difícil pelo estado de seus ombros, mas você consegue.

Ele está certo, esse simples movimento é muito difícil com a dor terrível em meus ombros, mas consigo fazer o que ele manda.

Assim que vê as marcas roxas quase pretas em minha pele, Ryan ofega e parte para cima de Ezra acertando um soco em seu rosto. Ele tenta agarrá-lo e jogá-lo no chão, mas Ez é mais rápido e o pega num mata leão. Começo a chorar desesperada, com medo de que acabem se matando e Ezra o liberta, empurrando-o de perto de si. Ele limpa o pequeno sangramento em sua boca e começa a rir.

— Até que você é bom de briga. Fico satisfeito em saber que é capaz de proteger Cecilia, ao menos fisicamente.

— Eu tenho que proteger ela de você, seu filho da puta! — Ele vocifera do outro lado do quarto. — Para ela estar com marcas assim com certeza quase a matou!

— Isso mesmo. O que esperava? Ela me traiu, foi dar para você escondida de mim e essa foi a consequência.

— Por que não a deixa em paz? Você nem gosta dela ou nunca faria uma coisa assim.

— Aí é que você se engana. Eu não gosto dela, eu a amo, mais do que esse seu coraçãozinho mole de carne poderia amar em mil anos. Mas também a possuo e ela precisa aprender seu lugar. A vida dela seria muito mais fácil se simplesmente me obedecesse.

O MESTRE de marionetes Onde histórias criam vida. Descubra agora