Capítulo III || Devil

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A noite do último sábado, 02/09, foi de gala. Estivemos presentes na estreia do espetáculo "A Caixa de Dora", escrito e dirigido pelo célebre M. Pierce, conhecido por seus shows magistrais e sua vida pessoal reservada.

A peça, que conta a história de uma jovem ingênua que se vê dentro de uma grande aventura ao libertar criaturas malignas de uma misteriosa caixa, é inspirada num mito grego, e tem em seu elenco figurinhas conhecidas no meio teatral, como a bela Veronika Gusman e o talentoso Javier Lupo, ganhador do prêmio Romero Motta, por sua atuação em "Sonho de Uma Noite de Verão".

O grande destaque, porém, foi a deslumbrante Cecilia Harper, que estreou nos palcos em grande estilo, como a protagonista do musical. A ruiva voluptuosa, provou ser mais que um rostinho bonito ao encantar a plateia com sua atuação visceral, e a voz cristalina que lembrava um canto de sereia, hipnotizando os presentes durante todo o espetáculo de duas horas, que passou num piscar de olhos.

A escolha de Harper, controversa no início, se mostrou mais um acerto do diretor, notório por seu perfeccionismo. Dizem as más línguas que Pierce e a linda Cecilia mantém um relacionamento amoroso, mas isso é apenas especulação.

De todo modo, tivemos uma noite inesquecível e recomendamos aos leitores, mesmo os que não são fãs de musicais que dêem uma chance a "A Caixa de Dora", temos certeza de que irão se surpreender positivamente.

As apresentações acontecem de quinta a domingo, às 21:00 no Pierce's Theater e o valor dos ingressos varia de acordo com o assento escolhido. Informações pelo telefone: 2303-1881.

— Nada mau. — Comenta Ezra ao ler o artigo para mim na cama, antes de dormir. Esse é o terceiro e todos são positivos. Eu realmente não esperava por isso. É claro que me esforcei pelo melhor, mas imaginava que os jornalistas pudessem ser cruéis, ainda mais pelo fato de eu ser uma estreante. Porém a única crítica, se é que há alguma, é sobre um possível relacionamento entre mim e o diretor. Se eles soubessem...

Faz uma semana que a peça teve sua primeira apresentação e é um triunfo de público e pelo que notei, de crítica também. Me sinto nas nuvens, mesmo tendo de suportar o mau-humor de Veronika, insatisfeita por não estar tendo o destaque que queria na mídia, e ainda estar sendo ofuscada pela atriz inexperiente que ela sempre julgou incapaz. Para justificar, ela diz que estão todos puxando o meu saco porque sou amante do Mestre. Amante não, esposa, mas ela não sabe disso. Dessa vez, porém, eu não acredito em suas palavras. Estou cada vez mais segura quanto ao meu talento.

Apesar de nosso sucesso, tenho sentido Ezra muito tenso e impaciente esses dias, mas quando pergunto, ele sempre diz que está tudo bem. Também está sendo mais violento no sexo. Meu Mestre quis fazer anal de novo, mas ao contrário da primeira vez, foi muito agressivo e tive um pequeno sangramento. Ele ficou preocupado e cuidou de mim, mas não se desculpou. Só queria que me dissesse o que está acontecendo para que eu pudesse ajudar. Não gosto de vê-lo sofrer.

Estou tentando dormir de barriga para baixo com a bunda ardendo e formigando depois dos tapas fortes que ele me deu enquanto me pegava de quatro, meia hora atrás, quando o celular de Ezra toca sobre o criado-mudo ao lado da cama. Já é tarde da noite e fico intrigada pensando em quem ousaria ligar para ele num horário desses. Assim, finjo que estou dormindo, como a boa atriz que sou, para tentar descobrir alguma coisa.

Sinto seu olhar sobre mim, sondando se estou mesmo adormecida e então ele atende.

— O que você quer?

— (...)

— Do que está falando?

— (...)

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