Capítulo IX || Wrecking Ball

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Chego em casa no meio da tarde. Hoje é segunda, meu dia de folga, e Jill ainda está trabalhando. De repente, estando sozinha, sinto-me cansada e pesada, como se meus pés tivessem âncoras. Passei por tantas coisas nas últimas vinte e quatro horas que meu emocional está à beira de uma pane.

Vou até o guarda-roupa e pego meu pijama de estrelas, um presente bem-humorado da minha mãe. A roupa consiste em um short de elástico e uma camiseta larguinha, ambos de cetim rosa claro com estampa de estrelas amarelas. "Assim que vi na loja tive que trazer pra você. Me lembrei de quando era pequena.", ela disse ao me entregar a roupa. Tinha uma época da minha infância em que ela comprava para mim tudo o que fosse rosa ou tivesse estrelas, assim que qualquer dinheiro sobrava. Minha mãe não era vaidosa, mas me fazia andar enfeitada como uma boneca, tudo para mim, nada para ela... E ela viveu tão pouco... Ah mamãe, se você soubesse o que eu passei ontem, tudo em que me meti por me apaixonar pelo homem lindo que conhecemos no circo. O que você diria? Ficaria horrorizada em como aceitei descer tão baixo?

Sinto tanta vergonha e raiva de mim mesma... É estranho porque não tenho raiva do Mestre, eu o amo de todo o meu coração, como nunca amei ninguém. Nem sequer imaginava que sentimentos tão fortes pudessem criar raízes profundas assim em tão pouco tempo. Em contrapartida me sinto suja, errada, mesmo meu Amo mostrando estar orgulhoso. Como uma coisa boa para o homem que amo pode ser ruim para mim?

Coloco o pijama e imediatamente sinto um pequeno aconchego. Penso em dormir um pouco, mas não tenho sono, então pego o livro, "Assombrando Adeline", que Jill me emprestou. Depois do que me aconteceu, não acho absurdo o que tem naquelas páginas, na verdade há até um certo conforto, como se alguém me entendesse.

Minha amiga chega duas horas depois, e fica animada ao me ver jogada na cama, de pijama, numa hora daquelas.

— O deus do submundo destruiu mesmo você, amiga, está até de cama! — Ela exclama.

Dou um sorriso fraco.

— Cissy, você está bem? Achei que sua carinha estaria melhor depois de dormir com seu namorado. O que foi? Foi ruim? Vocês brigaram?

— Não Jill, não brigamos não. A parte em que ficamos juntos foi muito boa, e eu estou apaixonada por ele. Cada vez mais, na verdade.

— E isso não era para ser uma coisa feliz? Porque eu vi que ele está muito a fim de você também.

— Sim, mas é complicado. Nós somos muito diferentes em questões de como agir com sentimentos e relacionamentos e às vezes tenho medo de não ser capaz de lidar com isso e ser um fardo que eu seja fraca demais para carregar.

— Cissy, tem alguma coisa séria que você não está me contando, não é?

Cansada, apenas assinto.

— E você não pode ou não quer me dizer o que é, certo?

Balanço a cabeça concordando novamente.

— Apenas me diz se você está correndo algum perigo.

— Não, não é isso. Não é algo tão "simples" assim.

— Uau. Isso parece intenso. Você vai terminar com ele?

— Nunca, Jill, meu coração já é dele...

— Mas você não acha que é muito cedo? Quer dizer, talvez você tenha se jogado nos braços do Pierce para esquecer seu rolo com o cara casado da sua cidade...

— Não. É claro que eu queria esquecer Ryan que nunca poderia ser meu, mas o Mest..., quer dizer, Pierce parecia tão inviável quanto Ryan para mim. Eu nunca achei que realmente ficaríamos juntos. Pensei que meus delírios com ele eram fics impossíveis criadas na minha cabeça. E então ele demonstrou que me queria, muito, desde o começo... E eu apenas fui. Eu só gostaria de estar totalmente plena e feliz, como fico quando estamos juntos, e não com o sentimento agridoce que carrego agora.

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