O MESTRE de marionetes

Capítulo V || DARKSIDE

Faz seis dias que não faço sexo. Sim, estou contando. Subindo pelas paredes é pouco para descrever meu estado. Não consigo conceber como já pude ficar três anos sem fazer nada — nem sozinha. Chego à conclusão que deve ser porque eu não sabia o quanto poderia ser maravilhoso e viciante e porque não tinha um homem que é um pecado ambulante vivendo ao meu lado. Estou achando a punição de Ezra pesada demais, mas ele insiste que isso não é nada perto do que está por vir. Sei que é uma forma de tentar me colocar medo, mas sinceramente, pior que isso só se me obrigar a ficar em abstinência para sempre.

— Tem estado muito emburrada esses dias, Cecilia. — Ele comenta.

— Por que será, Mestre?

— Não faço ideia. Você tem tudo o que uma cachorra precisa, comida, água, casa...

— Acho que a sua cachorra tem outras necessidades também...

— É, imagino que sim. Já está pensando em escapar para me trair de novo?

— Não, Amo, claro que não. Quero você, ficar com você, mas não me ama mais, não me quer mais. — Digo, fazendo charminho, me aproximando para um abraço.

— Nunca existirá um tempo em que eu não te queira, Cecilia... O que não significa que não possa te fazer sofrer para que pague por seus erros.

— Senhor...

— De qualquer forma, acho que já é chegada a hora; está preparada para ter o que merece?

Sinto um frio angustiante na espinha, mas sim, estou preparada para qualquer coisa, desde que ele volte a fazer amor comigo. Preciso tanto do meu Mestre...

— Sim, Senhor. Tudo o que o Senhor quiser.

Ele sorri de um jeito que antecipa que irei me arrepender do que disse muito em breve.

★★★

Estamos no clube, vazio agora à tarde, e noto que, ao contrário de todos os outros dias nesse horário, as cortinas de veludo preto do palco de pedra onde ocorrem as cenas de BDSM estão fechadas.

Ezra começa a caminhar lentamente pelo espaço e expõe seus pensamentos:

— Muitos poderiam pensar que por eu permitir que você faça sexo uma vez por semana durante uma sessão de quarenta minutos com Ryan Briggs, enquanto ele for útil aos meus objetivos, significa que você e ele estão liberados para fazer o que quiserem, como quiserem, como se estivessem num relacionamento. E não estão. Seu relacionamento é exclusivamente comigo. Sou seu dono e você é minha, para sempre. E você Cecilia, traiu minha confiança. Não apenas se apaixonou, dividindo o amor que deveria ser só meu com ele, como achou que poderia oferecer seu corpo enquanto eu estivesse distante. Eu estava afastado fazia apenas algumas horas, já sentindo a sua falta, enquanto você gemia e chamava outro de amor.

— Mestre, eu...

— Está proibida de falar a não ser que eu permita, escrava.

Me calo e baixo a cabeça.

— Como dizia, estamos tendo um problema de confiança aqui. Assim, preciso que me dê uma prova de amor e, claro, de confiança. Para que eu tenha a certeza de que ainda sabe que me pertence. Olhe para o palco.

Faço o que meu Amo manda, enquanto ele puxa o mecanismo na lateral, abrindo as cortinas e o que vejo ali, arranca num soco o ar dos meus pulmões.

Uma forca.

— Assustada? Bom. Deveria estar. Às vezes nos acostumamos com as pessoas, a familiaridade nos faz esquecer com quem estamos lidando de fato. Nossa pequena experiência de hoje vai lembrá-la de quem sou, caso sobreviva, é obvio. — Ele sorri ameaçadoramente e meu corpo começa a tremer e se arrepiar incontrolável. Morrer assim deve ser horrível, o que ele vai fazer? Vai mesmo acabar com a minha vida porque fiquei com Ryan sem seu consentimento?