Capítulo III || Beautiful Liar

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Na manhã seguinte, antes de abrir os olhos, bato a mão ao meu lado esquerdo e sinto Ezra, mas quando faço o mesmo à procura de Ryan do lado direito, ele não está lá. Separo as pálpebras de uma vez, deixando a luz do dia invadir minha visão.

— Ele já foi. — Ez diz, olhando para mim. — Como está se sentindo hoje? Quer ver um médico?

— Melhor, eu acho... Não, não preciso. Vou ficar bem. Talvez o único médico que eu vá necessitar em algum momento seja um psiquiatra. — Dou um sorriso fraco.

— E não vamos todos? — Meu Amo levanta um canto dos lábios.

Fico feliz por ele parecer de bom humor, achei que estaria bravo por eu ter pedido para Ryan dormir aqui, ainda mais agora que com certeza já sabe que estive com ele ontem. O pensamento faz minha barriga gelar.

— Ryan... Não pôde ficar? — Insisto, mesmo sabendo que não devo, mas é mais forte que eu. Tenho que saber se está tudo bem.

— Ele disse que ia pegar outro plantão ou algo assim para compensar as horas perdidas quando precisou sair às pressas por motivos pessoais. — O Mestre olha sugestivamente para mim e me sinto um tanto intimidada. Sei que estou errada.

— Você ainda está exausta e traumatizada... — Ele continua. — Mas saiba que em algum momento vai pagar por sua desobediência. O que fez em minha ausência não tem outro nome senão traição, algo que eu nunca faria com você, e muito pior, você quebrou sua promessa e colocou sua vida em risco outra vez, quando eu só estava fora da cidade há um único dia...

— Me perdoa, Ez... Eu não imaginei que uma coisa assim podia acontecer... Eu só queria ficar um pouco com ele, o nosso tempo juntos é tão curto... — Digo, preocupada, mas sem conseguir conter a torrente de palavras.

— Você gosta dele?

Balanço a cabeça para dizer que sim.

— É mais que isso, nós dois sabemos, não tente querer me enganar.

— Eu o amo também. — Confesso, com muito, muito medo.

— Eu sei. — Ezra responde simplesmente. — É por isso que o odeio, mas não posso fazer nada quanto a isso, tudo é como tem que ser. Ainda assim, você é minha, não dele, temos um laço indissolúvel, para sempre.

Fico impressionada com suas palavras, mas ele parece sempre saber de tudo e está certo, como de costume.

— Isso não muda o fato de que será punida no tempo adequado. Hoje seria a sessão de vocês, mas como já se viram ontem, ela foi cancelada.

Meu estômago afunda. Eu esperava vê-lo hoje. Não para fazer nada, claro, só queria poder conversar com ele. Acho que estraguei tudo para nós.

— Sabe, você podia ao menos fingir que não se importa tanto...

— Me desculpe, Senhor.

— Vem cá, minha menina desobediente.

Eu levanto e me aproximo de Ez, que me aperta em seu peito. Respiro fundo para sentir seu cheiro.

— Pensei que nunca mais fosse te ver... — Digo com as lágrimas já saltando dos olhos sem que eu perceba.

— Eu também... Quase enlouqueci. Sem você eu morro Cecilia. Não é uma força de expressão. Não tenho mais motivo algum para viver que não seja você.

Meu Amo me dá um beijo lento e suave, mas onde derramamos nosso amor que e é tanto que transborda.

— Como é que eu poderia viver sem você? — Ele diz mordendo o lábio, olhando atentamente para mim, enquanto acaricia meu rosto.

O MESTRE de marionetes Onde histórias criam vida. Descubra agora