Capítulo IV || Dangerous

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Desde que reencontrei Pierce, quase três meses atrás, minha vida tem oscilado freneticamente na escala de emoções. Somente hoje, já tive tantas versões dele, que mal consigo enumerar; já o tive me encorajando e elogiando meu talento, já o tive sedutor me fazendo desejá-lo mais que tudo, já o tive romântico, realizando uma linda declaração, já o tive descarado, admitindo ter agido comigo premeditadamente de acordo com seus interesses, já o tive misterioso prometendo me mostrar algo que precisaria ver com meus próprios olhos para entender, e agora o tenho pragmático, me oferecendo para assinar um novo contrato, no escritório vazio a essa hora da noite.

— Por que tenho que assinar um contrato de confidencialidade para que você me mostre o que prometeu? — Pergunto, cada vez mais assustada.

— Porque o que irei lhe mostrar é uma parte muito privada da minha vida e porque os poucos que sabem de sua existência tiveram que fazer o mesmo. — Ele sorri, como se tivesse me dito uma coisa boa, como se não estivesse me apavorando ainda mais.

Quando vê minha hesitação, ele me puxa para si e me beija. Um beijo de língua delicioso.

— Você quer me agradar, Cecilia? Seria feliz me fazendo feliz? — Ele pergunta contra a minha boca e continua a me beijar, mordendo meu lábio de brincadeira.

Que resposta eu poderia dar?

— Sim.

— Então assine. — E eu assino.

★★★

Pierce me pega pela mão e seguimos pelos bastidores do teatro, por um caminho que mais parece um labirinto. Estou completamente perdida e não saberia voltar sem ele. Isso aumenta consideravelmente o pavor que passo a sentir. Minha mente começa a conjecturar que ele poderia ser um psicopata me levando para um cativeiro onde encontrarei a morte certa e que essa história de contrato é apenas para despistar. Já assisti um documentário sobre isso uma vez, dizem que eles podem ser extremamente charmosos e sedutores e que são capazes de convencer suas vítimas a fazer qualquer coisa, sem que sequer percebam.

Tenho meus pensamentos interrompidos quando Pierce destranca a porta do que parece ser um armário de suprimentos abandonado há muito tempo.

— Entre aí. — Ele diz.

Isso só pode ser brincadeira, penso, fui de um sonho a um terrível pesadelo em menos de uma hora. É só comigo que acontecem essas coisas.

— Não vou entrar nesse lugar. — Afirmo, tentando me fazer de durona, mas sou traída por minha expressão.

— Está com medo? — Ele pergunta, parecendo extasiado.

— Sim.

— Sim o quê? — Questiona, e eu não entendo o que ele quer dizer com isso.

— Gosto quando responde "sim, senhor". — Ele explica, no momento em que percebe minha confusão.

Ok. Agora tenho quase certeza que estou em perigo aqui. Minha melhor ideia é colaborar com ele para evitar problemas, então respondo:

— Sim, senhor, estou com muito medo. — Não é mentira, meu corpo trêmulo pode atestar.

Seus olhos verdes parecem brilhar como os de um gato na semi penumbra em que estamos. É meio assustador, mas de um jeito bom, e fica melhor ainda quando ele pressiona seu corpo excitado contra o meu.

— Ah, Cecilia... — Ele diz, e me beija, de forma mais rude e possessiva agora, apertando o meu pescoço com uma mão e a minha coxa com a outra.

Fico perturbada quando percebo que também estou muito excitada com tudo isso, muito mais que antes, na verdade. Céus, o que esse homem está fazendo comigo? Estou enlouquecendo sob o toque feroz de suas mãos.

O MESTRE de marionetes Onde histórias criam vida. Descubra agora