Capítulo V || Do It For Me

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Ezra está ao meu lado, oculto pela cortina e sente a minha apreensão.

— Alguma coisa errada, amor? — Ele sussurra para mim.

— Não. — Balbucio, tentando olhar para qualquer lugar, menos para Ryan.

O que ele está fazendo aqui? Por que ele é um dos homens que podem ajudar meu Amo? E de novo, por que se encontra em Wartfort, num clube de fetiche, ao invés de estar com sua família em Carterville?

A preocupação, o nervosismo e o fato de ter visto Ryan ali, junto da questão de ter sido pendurada de ponta cabeça começam a me causar uma sensação ruim, e tenho a impressão de que vou desmaiar. Quando finalmente fico de frente para Ez, ele percebe meu real estado.

— Você está passando mal, cadelinha. Já é mais que suficiente o que fez. Vamos encerrar a apresentação para que eu te desça daí.

Saber que tudo acabou me deixa um pouco aliviada, mas, ainda assim, a vertigem não passa.

O Mestre vai até a frente do palco e diz:

— Essa foi minha deliciosa escrava, rouxinol. Espero que tenham apreciado a vista tanto quanto eu.

Ouço gritos animados, mas já não sou capaz de distinguir qualquer som.

Ezra fecha as cortinas e desce o mecanismo. O Amo me coloca em pé e rapidamente me liberta das cordas. Então pede para que eu me segure nele e eu o agarro como um bicho preguiça, enquanto ele me sustenta com um braço debaixo do meu traseiro e com o outro abre a porta que leva até o quarto conjugado ao tablado. Meu amor me coloca na cama, me dá água e me beija.

— Sua pressão deve ter caído. Fui imprudente em te causar uma concussão sabendo que precisaria ficar de ponta cabeça logo depois, com todo o sangue se acumulando na área machucada. Apesar disso, vai ficar tudo bem. Confie em mim. Só precisa se manter deitada e descansar um pouco.

Ezra ajeita minha cabeça nos travesseiros, liga o ar condicionado e tira com cuidado os cabelos grudados em meu rosto, pois estou suando.

— Você ainda me ama, cadela? — Ele parece genuinamente preocupado em saber.

— Sempre. — Respondo com um sorriso fraco.

— Agora preciso ir falar com meus convidados. Se estiver passando muito mal, aperte essa campainha ao lado da cama e eu venho até você. Vou tentar terminar tudo o mais rápido possível, eu prometo.

Observo-o beijar a minha testa e as palmas de minhas duas mãos antes de se levantar e sair.

Assim que o Amo passa pela porta — a normal, não a que dá acesso ao palco, sinto uma exaustão tão esmagadora que minhas pálpebras não conseguem se manter abertas. Então durmo imediatamente.

★★★

Não vejo quando nem como Ezra me leva para a sua casa, mas acordo na manhã seguinte, nua em sua cama entrelaçada nele, que está só de cueca, dormindo tranquilo. Percebendo que eu me mexo, ele abre os olhos e sorri para mim.

— Como está se sentindo hoje, cadelinha?

Me espreguiço, fazendo os ossos estalarem.

— Bem melhor, eu acho. — Todo o desconforto sumiu como mágica. Parece que eu só precisava mesmo de uma boa noite de sono.

— Ótimo.

Ez me abraça bem forte inspirando profundamente com o nariz contra o meu pescoço e aperta a minha bunda; por fim, me dá um beijo e se levanta, deixando o banheiro da suíte para que eu tome banho e faça a higiene matinal, enquanto usa o outro.

O MESTRE de marionetes Onde histórias criam vida. Descubra agora