𝑪𝑨𝑷Í𝑻𝑼𝑳𝑶 2: Uma jornada ao passado

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O Fantasma da Ópera retornou ao seu covil. Sentando-se na beirada de sua cama, deixou sua mente vagar. Ele estava confuso, memórias que queriam sair do esquecimento lutavam para voltar.

"Como sinto sua falta, meu Erik."

- Não, não pode ser. - ele murmurou.
- Mas...Talvez seja. Não, é impossível. Para de pensar em bobagens Erik. - O homem deitou-se na cama.

Fechando os olhos, mil lembranças vieram em sua mente, girando ao redor dele como um tornado. Agora, meu caro leitor, iremos ao passado mais uma vez, porém, um passado mais distante: A infância de Erik, o Fantasma da Ópera.

-Franca, 1846.

Era mais uma manhã ensolarada na caravana cigana, daqui há algumas horas, iriam abrir seu circo, onde apresentavam as coisas mais estranhas já vistas, como uma mulher com uma grande barba, contorsionistas, ilusionistas, malabaristas, etc. Mas a atração que mais arrecadava dinheiro do público era a mais cruel, a mais grotesca de todas as outras, O Filho do Diabo.

Os raios de sol tocaram o interior da tenda desta atração que chamava atenção dos visitantes. Havia uma cela, e dentro dela estava um menino. Ele se contorcia no chão tentando esquentar seu corpo magro do frio, quando o sol tocou sua pele, um calor irradiou por todo seu corpo. Ele sentou-se e abriu seus olhos para adimirar o nascer do sol. Pegando uma sacola que estava ao seu lado, o menino a colocou sobre sua cabeça cobrindo seu rosto. Um cigano adentrou na cela, o dono do circo.

- Seu pequeno diabo, aqui, tome isto.
- o homem empurrou para dentro da cela uma tigela de mingau e foi embora.

A criança pegou a tigela e provou um pouco da comida, estava fria, mas aquilo não o impediria de comer, ele apenas comeria de novo à noite, após o circo fechar. Olhando mais uma vez para o sol, ele imaginou ver o astro rei tomar conta do céu azul fora daquela maldita cela em que era mantido em cativeiro. Ele queria ser livre, queria fugir da caravana cigana e isolar-se do mundo em um lugar em que ele poderia viver em paz, mas aquilo era apenas um delírio.

Já eram dez horas da manhã, e um estranho movimento acontecia. Um homem bem vestido segurava uma menina pelo braço com força, e ela apenas ficava calada e não dizia nenhuma palavra. Seus cabelos eram longos e castanhos e cobriam seu rosto, impossibilitando de vê-lo.

- Quero vender-lhe esta pirralha inútil.
- disse o homem bem vestido.

- Hm, e o que ela tem de especial para meu circo? - perguntou o cigano.

- Ela tem um distúrbio, tem voz, mas não fala. - ele sacudiu a menina com raiva.
- Vamos, idiota, diga algo!

- ... - ela fazia um grande esforço para tentar pronunciar o que quer que seja que queria dizer.

- Parece uma alma penada, ainda mais vestindo branco e com esses cabelos cobrindo o rosto! - exclamou o dono do circo. - Aceito sua oferta, que tal mil francos?

- Aceito. - disse o homem.

- P-Pa! - a menina gritou com dificuldade e agarrou o braço do bem vestido.

- Me solte, sua imbecil! Estou me livrando de você por vergonha, não acredito que é minha filha. - ele a empurrou e ela caiu ao chão. - Adeus, espero que apodreça aqui, sua praga.

𝑵𝑬𝑽𝑬𝑹𝑴𝑶𝑹𝑬 - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora