Claire perguntou a todo o elenco, mas ninguém alega ter visto o homem mascarado. Sem esperança, a mulher voltou para seu camarim e se sentou em frente à penteadeira.
Com as mãos no rosto, ela grunhiu irritada, como ninguém pode tê-lo visto? Agora, a soprano havia perdido a única oportunidade de tentar reencontrar seu parceiro da noite passada, cujo ela tinha certeza que era Erik por causa daqueles lindos olhos.
- O que farei agora? Lá se foi minha única chance de encontrá-lo... - ela disse enquanto secava uma lágrima que descia por sua bochecha.
- Por favor, não chore. - falou uma voz.
- Quem está aí?! - a jovem levantou-se.
- Sou eu Erik.
Ao olhar para trás, a jovem viu, parado de costas para o espelho, o homem com que dançou. Ele ainda usava vestes negras e sua máscara. Claire recuou assustada, ele havia aparecido sem ter feito um mínimo ruído.
-
C-Como não ouvi você entrar?
- Eu tenho meus meios. - ele se aproximou. - Claire...
- Erik, é você, é realmente você? - suas mãos trêmulas encontraram as dele.
- Sim, sou eu. Eu...Eu pensei que estivesse morta.
- E eu pensei que você estivesse morto.
- ela abraçou a cintura do homem. - É tão bom poder estar com você novamente.
- levantando a cabeça para encará-lo, ela perguntou: - Como fugiu da caravana?- Eu matei aquele babaca. - ele disse com uma voz carregada de raiva. - Eu pensei que ele havia lhe matado naquela noite. E você, por onde esteve em todos esses anos?
- Fui encontrada nas ruas, cheia de machucados. Uma freira me acolheu no pequeno orfanato que tinha no convento, e foi lá que fiquei até completar dezoito anos. Depois disso, passei alguns anos morando numa cidade no interior do país. Vim para cá em busca de uma vida melhor, e cá estou. Mas e você, Erik? O fez em todos esses anos?
- E-Eu... - ele lembrou de tudo o que passou, sua paixão por Christine, seus assassinatos...
De repente, a porta do camarim se abriu, revelando uma velha servente que, ao ver um homem mascarado abraçado contra a Prima-Dona, soltou um grito de pavor, que ecoou por toda parte.
- O FANTASMA DA ÓPERA! O FANTASMA DA ÓPERA! - ela saiu correndo pedindo por socorro.
- Eu tenho que ir agora. - ele se separou de Claire.
- Erik, v-você é o Fantasma da Ópera? O que incendiou esse lugar? Que matou diversas pessoas?
- Claire, eu posso explicar...
- ME RESPONDA! - seus olhos se enchiam de lágrimas. - É verdade o que aquela mulher disse?
- Sim...Eu sou O Fantasma da Ópera.
A moça se distanciou dele, sua mão trampando seus lábios em puro choque. Lágrimas desciam de seus olhos enquanto ela olhava para seu amigo. Agora ela não estava mais vendo um garoto dócil a sua frente, agora ela apenas via o Fantasma temido por todos.
- Claire, não vá embora!
- Eu não posso acreditar no que você se tornou, Erik. - ela foi em direção à porta, mas foi puxada de volta pelo homem.
- VOCÊ NÃO VAI ME DEIXAR! NÃO IGUAL ELA FEZ! - ele gritou à plenos pulmões e apontou em direção à um quadro que retratava a antiga soprano, Christine Daaé.
- Venha comigo!- Me largue, Erik! - ela tentou se soltar, estava assustada. Então, subitamente foi liberta dos braços do mascarado. Ele foi andando em direção ao espelho, ele chorava, era possível ver lágrimas escorrerem de seus olhos.
- Erik...- Adeus, Claire. - ele abriu a passagem secreta que ficava atrás do espelho e desapareceu.
Instantes depois, dois policiais, a servente, Madame Giry e Meg faziam parte da multidão que se encontrava na porta do camarim. Os policiais entraram e se dirigiram diretamente à soprano.
- Senhorita, havia alguém com você? Um homem, para ser mais específico.
- Não...Não, senhor. - ela olhou de relance para o espelho e voltou o olhar para o policial. - Por que a pergunta senhor e o que está havendo?
- Esta senhora alega ter a visto um sujeito com você, e este sujeito era muito perigoso. Já ouviu falar no Fantasma que rondava por esta casa de ópera, certo?
- Sim, senhor. Mas juro que não havia ninguém comigo, muito menos o Fantasma da Ópera. - atrás de suas costas, ela cruzava os dedos, simbolizando que estava mentindo secretamente sobre seu juramento.
- Oh, minha querida, mil perdões! - disse a velha servente. - Após todos os ocorridos envolvendo o Fantasma, acho que minha mente velha está imaginando coisas. Perdão à todos vocês, foi um engano.
Todos suspiraram aliviados e se retiraram, fazendo com que restasse apenas Madame Giry e Meg, que adentraram no camarim e trancaram as portas. Claire mal conseguia ficar de pé após tudo o que havia acontecido, sua palidez era perceptível.
- Mademoiselle, esteve com o Fantasma, certo? - perguntou Madame Giry.
- Sim, mas por favor, não conte à ninguém!
- Não contaremos. - disse a jovem Giry.
- Minha mãe e eu sempre guardamos os segredos do Fantasma da Ópera.- Agora, sabemos que ele está vivo.
- Madame murmurou. - Estava atrás de um homem misteriso, creio que foi com ele que dançou ontem no baile.- Foi ele. Erik e eu não conhecemos quando éramos crianças e eu fui vendida para os ciganos...Pelo meu pai.
- Meu Deus... - falou Meg. - Você foi vendida aos ciganos por seu próprio pai?!
- Sim, eu não conseguia falar, tinha um distúrbio. Quando nasci, minha mãe faleceu e meu pai me culpava pela morte dela. Ele sempre me odiou, chegou um dia em que ele simplesmente cansou de me aturar e me jogou numa caravana, onde me chamavam de assombração por causa das vestes brancas e o cabelo que caía sobre meu rosto. Eu aprendi a falar graças à Erik, que me ensinou.
- Continue com sua história, querida.
- Madame Giry colocou uma mão sobre o ombro da jovem.- Uma noite, decidi fugir e levar Erik junto. Porém, eu fui pega em flagrante e levei muitas chicotadas em todo o meu corpo. Me jogaram nas ruas, uma freira me achou e me acolheu. Depois daquela noite, nunca mais vi Erik. Bom, até ontem...
- Sinto muito por seu passado doloroso...
- declarou Meg.- Não se preocupe, aquilo tudo passou, não vale a pena remoer a angústia do passado, é melhor deixar ela para trás.
- a moça esboçou um pequeno sorriso.- Claire, presumo que teremos uma longa conversa sobre tudo o que aconteceu há cinco anos atrás.
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𝑵𝑬𝑽𝑬𝑹𝑴𝑶𝑹𝑬 - O Fantasma da Ópera
FanfictionApós a partida de Christine, juntamente com o incêndio do Palais Garnier, a Ópera foi abandonada, até ser comprada e reconstruída. Com a reinauguração do teatro, uma dama misteriosa se torna Prima-dona e encanta todos com sua bela voz, inclusive o t...