Capítulo 2

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Havia algo estranho na forma que aquele homem apertava a bunda da esposa ao seu lado

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Havia algo estranho na forma que aquele homem apertava a bunda da esposa ao seu lado. Na verdade, nada garante que aquela mulher de cabelos negros e quadris largos seja sua esposa. Pode ser uma amante. A urgência em seu toque mostra que eles não têm muito tempo juntos.

Permito-me viajar e imaginar a família daquele homem, a mulher em frente a um fogão com panelas fumegantes esperando seu marido chegar para poderem comer juntos enquanto ele paga a compra do mês para a amante.

A mão do homem logo é ocupada por sacolas plásticas abarrotadas de mantimentos e é obrigado a abandonar seu lugar sobre a nádega da mulher. Os dois caminham lado a lado e os observo até desaparecerem entre os carros do estacionamento.

-Como a Jessie está se saindo?- Pergunta uma voz familiar atrás de mim.

A garota do caixa ao meu lado, cujos cabelos loiros estavam presos em uma trança, guarda a lixa de unha no bolso imediatamente e sorri.

-Ela está se saindo muito bem. Um pouco devagar, mas ela vai chegar lá.

Tento abrir meu melhor sorriso para Luke. Foi ele quem me cedeu esse emprego no supermercado. Aposto que não foi fácil convencer seu pai a me contratar e gastar com mais um salário. Por mais entediante que seja passar a tarde, horário que não há uma alma viva no supermercado, esse emprego vai salvar minha pele.

Estou ciente que não vou ganhar muito trabalhando como empacotadora, mas deve ser o suficiente para pagar o aluguel do meu pequeno apartamento no fim da cidade e colocar comida na mesa ou para comprar batata chips nas máquinas de salgadinho.

-Eu diria que é questão de prática- Luke se aproxima e cruza os braços na frente do corpo. Hoje ele veste o mesmo tom de verde horrível da camiseta do nosso uniforme combinado com uma calça jeans preta e gasta. Seus cabelos loiros estão desajeitados pelas horas de serviço e as têmporas úmidas de suor- O que acha Jess?

-Você está certo. É um trabalho fácil- Respondo ajeitando um fio de cabelo cor de chocolate que havia se soltado do coque.

Um casal de idosos se aproxima do caixa com um carrinho lotado de produtos. Uma criança está com eles, sentado dentro do carrinho no meio das compras amassando os alimentos com seu pequeno corpo. Suponho que seja o neto deles.

-Boa tarde- Cumprimenta o senhor que começa a colocar os produtos na esteira para que a garota de cabelos loiros possa passa-los no caixa.

-Mãos na massa Jess- Diz Luke passando por mim e dando tapinhas no meu ombro- Te vejo mais tarde?

-Com certeza.

Luke estava certo ao dizer que é questão de prática. Depois de preencher a décima sacolinha plástica com os produtos que o casal de velhinhos havia comprado eu estava me sentindo mais confiante e rápida. A cola entre as sacolas se soltavam com mais facilidade e os produtos passeavam da minha mão para a sacola rapidamente.

Ao pagar a compra, a senhora pega seu neto nos braços e se dirige até a mim. Seus olhos se enrugam em um sorriso doce e apontam para o monte de sacolas amontados no interior do carrinho.

-Poderia nos ajudar a carregar a compra até o carro mocinha?

Meus olhos viajam até minha colega de trabalho, cujo nome ainda não sei, e ela apenas confirma com um sorriso intermediário.

-Você precisa apenas levar até o carro e colocar onde o cliente pedir- Diz e se volta para o casal- Desculpe, ela é novata aqui.

Sou guiada até o carro do casal e mandam-me colocar as sacolas no porta malas. Durante todo o trabalho a criança me observa do banco de trás, com os olhos verdes concentrados em mim e a baba escorrendo pelo canto da boca.

-Achou muito difícil?- Provoca a loira ao ver que estou de volta. Ela sorri exibindo seus dentes brancos e volta a lixar as unhas.

-Não, mas é melhor do que ficar parada o dia todo.

-Espere a noite cair. O mercado vai lotar de gente e vai ser impossível ficar parada- Ela assopra os resíduos gerados ao lixar a unha em um formato perfeitamente quadrado- Descanse enquanto pode.

-Obrigada pela dica- Encosto-me a esteira e cruzo os braços em frente ao corpo- Como você já sabe, eu sou a Jessie. Como se chama loira?

-Bethany. Mas pode me chamar de Beth.

-Tudo bem, Beth- Sorrio para ela olhando-a em seus olhos azuis como diamantes - Acho que vamos nos ver bastante daqui pra frente.

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Jessie Brodie (sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora