Capítulo 35

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Faz duas semanas que tenho tido sessões de terapia com a Srta

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Faz duas semanas que tenho tido sessões de terapia com a Srta. Becker. Ela é uma mulher na faixa dos cinquenta anos com um sorriso tranquilo como quem já passou por tudo na vida. Seus cabelos são tingidos de preto para esconder os fios brancos que começavam a nascer e os olhos eram verdes salpicados de âmbar. Ela tinha uma beleza extraordinária para sua idade.

Lembro que cheguei nervosa em sua clínica, mas Leah ficou ao meu lado o tempo todo. Esperamos juntas na recepção de mãos dadas enquanto observávamos crianças pequenas esperando pelo atendimento. Havia uma em especial que possuía algum tipo de deformação no rosto, o que me levou a pensar que tipo de coisa aquela criança ouviu ou ainda ouve pela sua aparência. Não deixei de pensar que, apesar da deformação, ainda era linda como uma flor.

Leah teve que me deixar quando fui chamada pela Srta. Becker. Antes de ir, ela beijou minha testa e acariciou meu rosto, lembrando-me que estava tudo bem e ficaria ainda melhor depois da sessão.

Minhas mãos estavam trêmulas quando entrei na sua pequena sala. Fiquei surpresa pelo ambiente trazer conforto com suas poltronas de veludo e xícaras de chá. Ela mandou eu me sentar em uma delas e logo começou a fazer perguntas sobre minha vida.

Achei que doeria mais falar sobre o passado de novo. Mas a tranquilidade da Srta. Becker me fez esquecer que existia um mundo lá fora. Fez-me esquecer de que Marcelo estava em algum lugar. Ela me guiou para um pouco acima das ondas com suas palavras sábias, para um lugar que eu poderia respirar um pouco melhor. Quando a sessão acabou eu me sentia, de alguma forma, mais leve.

Lembro-me de ter corrido para os braços de Leah no estacionamento da clínica e beijado seu rosto quando entramos no carro. Meu coração ainda batia acelerado pelo nervosismo, mas eu sabia que assim que ele normalizasse, eu me sentiria melhor.

Graças a Leah

E, obviamente, a Srta. Becker.

Agora são seis da tarde de um dia de folga. O céu claro estava sendo levado pelos tons de laranja e amarelo para dar lugar a um céu escurecido. Dali a alguns minutos as estrelas estariam brilhando no meio da massa densa e escura da noite. A brisa do entardecer desalinhava os fios curtos e rosa desbotado do meu cabelo. Na noite anterior, eu havia aparado os fios que haviam crescido então a nuca estava exposta para o vento frio.

Eram seis e quinze quando Leah saiu pela porta da delegacia vestida em seu uniforme de policial. Aquele que a deixava sexy das cabeças aos pés mesmo não havendo muita pele a mostra. Acho que ser bonita é ser atraente até mesmo quando se está coberta por inteiro.

Beijo-a demoradamente saboreando o sabor dos seus lábios. O mesmo gosto que senti na noite anterior quando provávamos da pele uma da outra. Depois, ela me conduz até sua moto estacionada no canto do pátio e me oferece um dos capacetes que guarda para mim.

Faço um sinal afirmativo quando ajeito o capacete e passo os braços ao redor de sua cintura, indicando que estou pronta. Ela pisa no acelerador e arranca em direção a noite. Em direção ao que mais ama fazer.

Jessie Brodie (sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora