Capítulo 21

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Enxugo o suor da testa com a camiseta ao estacionar a Kombi em seu lugar de sempre no mercado

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Enxugo o suor da testa com a camiseta ao estacionar a Kombi em seu lugar de sempre no mercado. Hoje havia sido um dia cansativo e como eu havia previsto de manhã, o dia se tornou quente assim que o sol brilhou bem no centro.

Caminho arrastando os pés no chão para dentro do mercado para guardar a chave da Kombi. O local estava quase vazio, com apenas algumas pessoas terminando de passar suas compras e outras escolhendo verduras. Avisto Bethany trabalhando com os últimos clientes. As mãos ágeis passando produto por produto.

-E ai Jessie? As entregas já acabaram ou veio buscar mais?- Começa se virando rapidamente para me olhar e depois voltando ao trabalho.

-Finalmente acabaram- Enxugo mais uma gota de suor que escorre pela lateral da cabeça- Thomas deveria colocar um ar condicionado naquela Kombi. Aquilo vira uma sauna em dia de calor.

-Estou vendo- Ri Beth- O calor te deixa mais bronzeada.

-Desde que me deixe mais bonita- Digo apoiando a cintura no caixa. Normalmente eu sou muito energética, mas hoje o calor me esgotou completamente.

-Pode apostar que sim.

Desvio o olhar para o restante do mercado. Uma criança saltitava ao ganhar uma pequena barrinha de chocolate do que pareciam ser seus avós. Sua animação me faz lembrar Bea e seu sorriso contrastava diretamente com a expressão rabugenta da operadora de caixa.

Nós adultos deveríamos comemorar as pequenas coisas como as crianças. Tudo teria mais graça.

Vago pelo rosto de mais algumas pessoas. Um cara alto de cabelos encaracolados e olhar cansando, uma moça de longos cabelos castanhos e sorriso doce no rosto e um homem embalando uma criança nos braços enquanto a esposa colocava as compras na esteira. A maioria deles pareciam tão cansados quanto eu.

Continuo a explorar até pousar em um rosto familiar. Seus cabelos negros estavam despenteados e sua barba por fazer roçava a bochecha de uma criança que dormia tranquilamente em seus braços. Meu coração acelera assim que vejo suas tatuagens cobrindo todo o braço que mantinha a criança segura em seu colo. A pomba com uma coroa na cabeça olhava para mim da mesma forma que me olhava no passado.

-Você está bem Jessie? Está pálida- Pergunta Beth pousando a mão no meu braço. Seus dedos frios, apesar do calor me fazem arrepiar. Ou talvez tenha sido o fato de Marcelo estar a poucos metros de mim.

Com uma criança.

-Eu já vou indo.

Não consigo me segurar ao perceber que Marcelo estava indo embora com aquela criatura indefesa. Sem pensar começo a segui-lo observando cada passo e cada ação.

Ao colocar a menina adormecida no banco de trás e se dirigir ao porta-malas para guardar a compra, ele parece ser um cara normal, mas apenas quem viveu com ele todos os dias durante meses sabe o que aquelas mãos podem fazer.

Jessie Brodie (sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora