Capítulo 30

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Estava tudo escuro

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Estava tudo escuro. Não havia mais ninguém além de mim no estacionamento. Beth havia ido embora com Luke e quando me ofereceram carona, eu contei que Leah passaria para me buscar. Também não queria estragar o casal ou segurar vela, apesar de eu sentir um pouco de ciúmes com a proximidade deles.

Acontece que Leah estava atrasada. Já se passava das nove e meia da noite e ela ainda não tinha dado sinal de vida. O mercado estava mergulhado no escuro e parcialmente silencioso, com apenas o ruído dos geradores ao fundo. O som dos carros no asfalto chegava até mim pelo vento, que balançava o topo das árvores levemente. Quase não dava para sentir.

A cada minuto que se passava, meu tédio aumentava. Considerei várias vezes em ir embora e avisar Leah que acabei preferindo caminhar até meu apartamento, mas já estava tarde e eu tenho medo do que posso encontrar na rua nesse horário.

E se algo tivesse acontecido com Leah?

-Cala boca Jess- Digo para mim mesma em voz alta. Ela ecoa pelo estacionamento vazio e se dissolve no ar como fumaça.

Depois de horas de trabalho minhas pernas pediam descanso. Minutos depois, elas começaram a arder e tive que me escorar na parede do mercado. Deslizei as costas pela parede e me acomodei sentada no chão. Tive que fazer um grande esforço para não dormir.

Para me distrair, começo a repassar a festa de Luke na minha cabeça. Conversamos com Luke enquanto eu devorar fatias e fatias de pizza e depois fomos até a sala, nos misturar no meio da galera que dançava a música animadamente. O vinho deve ter começado a fazer efeito, porque me senti leve como uma pena na pista e dancei como nunca tive coragem. Lembro-me de Leah segurando minha cintura e roçando meu corpo durante a dança. A energia passeando de corpo em corpo nos conectando.

No meio da madrugada, Leah me levou até meu apartamento em sua moto e nos beijamos novamente. Dessa vez, sem interrupções. Para mim foi como segundos, mas nos beijamos por mais de dez minutos, pois quando me olhei no espelho meus lábios estavam inchados e corados. E mesmo assim eu queria continuar colada nela.

Leah é como uma droga.

 Meus olhos estavam quase se fechando com as lembranças e com a sensação da sua mão acariciando minha nuca. Um sorriso bobo permanecia no meu rosto. Agradeci por ninguém estar me vendo.

De repente, um barulho me faz sair do transe. Olho ao redor do estacionamento, mas ele continua vazio. E mesmo assim sinto que estou sendo observada. Levanto-me e aperto a alça da minha bolsa até os nós dos dedos ficarem brancos.

-Leah? É você?- Pergunto e ouço um ruído em resposta. Meu coração martela tão forte no peito que mal consigo ouvir o mundo- Não tem graça Leah.

Um corpo se pressiona contra o meu rapidamente. Bato a cabeça com o movimento e sinto uma mão se fechar envolta do meu pescoço. Quando recobro os sentidos, espero ver Leah fazendo algum tipo de brincadeirinha de mau gosto, mas encontro o próprio diabo.

Jessie Brodie (sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora