Capítulo 27

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Desabo na cama de Leah às uma da manhã

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Desabo na cama de Leah às uma da manhã.

Apesar de cada músculo do meu corpo estar doendo, eu me sentia leve. Se eu fechasse os olhos, ainda conseguia ver a noite me cercando e o vento limpando minha alma. Ainda podia ouvir o som do motor acelerando e o asfalto sob os pneus.

Eu só queria poder sentir o frio na barriga novamente. Sentir o mundo sendo deixado para trás e o vento carregando os problemas para longe. Por algumas horas eu senti que não havia mais nada além daquele sentimento. A adrenalina correndo pelas veias e o coração batendo forte de felicidade. Por algumas horas, todos os sentimentos ruins deixaram de existir.

-No que está pensando?- Pergunta Leah se jogando na cama ao meu lado. O colchão afunda com seu peso, fazendo com que eu fique mais próxima de sua pele.

-Em como a noite foi ótima- Desvio o olhar do teto branco, bem diferente do meu teto descascando no canto do quarto, e foco em seu belo rosto- Obrigada. Eu realmente precisava daquilo.

Leah vira o corpo e apoia a cabeça na mão. Agora, um mar de fios negros escorrega em ondas pelo se braço. Olhando para ela assim, deitada como uma deusa grega, as palavras fogem totalmente da minha boca, deixando apenas lábios entreabertos.

-Eu disse que a sensação era boa. É simplesmente magia- Seus dedos escorregam para o meu maxilar e o polegar acaricia minha bochecha. Não demora muito para eu a sentir corar sob seu dedo.

-É. Você tinha razão, Leah Addari.

-Eu sempre tenho.

Sabe aquela sensação que eu desejava há minutos atrás enquanto espreguiçava-me em sua cama? Então, consigo recupera-la assim que os lábios de Leah tocam os meus. O beijo é carregado de carinho e totalmente sem pressa. Era como se tivéssemos todo o tempo do mundo. E talvez tivéssemos mesmo.

Sua língua entrava e saia da minha boca enquanto nossos braços e pernas se entrelaçavam. Os dedos da garota afundam gentilmente no meu cabelo cor de rosa e acariciam minha nuca, trazendo-me para mais perto do seu corpo. Em segundos estou em cima dela, cada centímetro do meu corpo tocando o dela.

Quando me falta ar, desço os beijos para seu pescoço e mordisco o lóbulo de sua orelha. O seu perfume e o cheiro da noite eram intensos, então faço o que sempre quis fazer quando estou perto dela: lamber seu pescoço. Ela geme com o contato da minha língua. Seus dedos descem da minha nuca para minha cintura e os sinto me apertarem.

Com um movimento rápido, Leah troca de lugar comigo ficando por cima. Seus lábios inchados voltam a me beijar sem pausas, como se deliciasse de um banquete. Aproveito as mãos livres para explorar o seu corpo. A curva acentuada de sua cintura, os braços fortes, os seios médios e as coxas grossas. Enquanto passeio pelo seu corpo, ela geme contra meus lábios.

-Porra, Jessie Brodie.

Meu nome causa arrepios quando dito contra minha pele e por Leah. Ele parece ter um efeito diferente quando dito por ela. Parece certo. Parece poderoso e desejável.

Leah só para de me beijar para arrancar a camiseta do meu uniforme e joga-lo em um canto do quarto e para me admirar. Sua respiração parece ficar ainda mais pesada enquanto observa meu sutiã preto. Volto a beija-la desesperadamente, fazendo seu corpo quente se chocar contra minha pele nua.

Mais uma onda de arrepio percorre meu corpo quando percebo que Leah desabotoou o fecho do meu sutiã. Agora ele pendia nos meus braços, mas não por muito tempo, pois ela o joga para o canto do quarto junto com minha camiseta.

-Puta merda Jess- Diz baixinho observando meus seios expostos e os mamilos endurecidos.

Afundo os dedos em sua cintura conforme seus lábios descem para meu pescoço e depois para a clavícula. Um de seus dedos roça meu mamilo me fazendo estremecer. Depois, sua mão cobre todo meu seio.

O frio na barriga aumenta quando sua boca se pressiona na região entre os seios. Minha respiração fica mais pesada e parece que o ambiente se fecha a minha volta. De repente, estou de volta no meu quarto de brinquedos. De volta às mãos de Marcelo. De volta ao meu corpo infantil e inocente. As lágrimas descendo incontrolavelmente pelas bochechas enquanto ele me mandava ficar em silêncio.

-Jess?- A voz de Leah me trás para a realidade. Suas mãos não apalpam mais meus seios, pois estão ocupadas segurando meu rosto e limpando as lágrimas. Eu nem havia percebido que havia começado a chorar- O que aconteceu?

-Desculpa- Digo entre soluços. Meu estômago dando voltas e o medo de sujar a cama de Leah com meu vômito percorrendo meu corpo. Eu queria parar de tremer. Eu queria parar de sentir medo e parar de estragar tudo, mas meu corpo luta contra mim mesma- Desculpa...Eu não queria estragar...

-Ei, Jess. Você não estragou nada- Suas mãos continuam firmes em meu rosto- Eu deveria ter perguntado se estava pronta.

Quando suas mãos quentes me soltam, permito que meu corpo se curve. As lágrimas que antes escorriam até a clavícula, agora pingam lentamente na coxa, deixando marcas no jeans. Apesar de envolver o corpo com os braços na tentativa de esconder minha pele nua, me sinto totalmente exposta, como se uma multidão passasse os olhos pelo meu corpo.

Rapidamente, um calor agradável me envolve. Logo, percebo que Leah havia pegado minha blusa de moletom ao lado da bolsa e passado o tecido pelos meus ombros na tentativa de me cobrir. Ajudo a passar meus braços pela manga e ela fecha o zíper cuidadosamente, tapando qualquer visão do meu tronco.

-Por favor, não se culpe- Sussurra Leah voltando a se sentar na cama e me puxando para seus braços reconfortantes- Está tudo bem, Jess. Está tudo bem.

O calor de seus braços impedindo que a madrugada fria me carregue para longe, faz meu choro vir ainda mais forte. Não sei pelo que eu choro exatamente, mas acho que é pelos anos que passei em silêncio e tendo fé que eu não merecia amor. É estranho experimentar algo que não recebo há anos. É claro que tive amigos durante esse tempo, mas sempre me senti completamente sozinha. Sem amor.

Quanto mais eu chorava, mais os braços de Leah se apertavam ao meu redor. Ela me segurava enquanto eu caia em um mar em que não conseguia nadar. Ela era como um tubo de oxigênio no meio do oceano. Uma luz no meio da solidão.

Então, eu me perguntei: é possível que eu tenha encontrado alguém?

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Jessie Brodie (sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora