Capítulo 11

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Mamãe disse que uma das minhas maiores qualidades é fazer amizade com facilidade

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Mamãe disse que uma das minhas maiores qualidades é fazer amizade com facilidade. Ela falou que encho tanto a pessoa de perguntas sobre sua vida que acabo fazendo-a se sentir muito importante e, consequentemente, elas acabam gostando mim. Até porque quem não gosta de se sentir importante?

Acho que mamãe tem razão. Tenho muitos coleguinhas na escola e são poucos que não gostam de mim. Mas ela também disse que minha curiosidade pode ser um defeito quando usado da forma errada. Comentou que posso parece inconveniente para algumas pessoas e leva-las a não gostarem de mim...

Acontece que hoje eu ouvi uma movimentação na casa ao lado. Ela está vazia há anos e essa é a primeira vez que vejo a janela aberta e as luzes acesas. Um grande caminhão de mudança estava estacionado em frente a casa. Querendo saber mais, grudei o rosto contra a grande do portão para espiar quem seriam nossos novos vizinhos.

Dois homens uniformizados carregavam as caixas para dentro da casa. Uma moça de cabelos cor de mel observava do canto com um cachorrinho nos braços. A bola de pelo marrom não parecia muito contente com a presença dos homens e latia sem parar. Seus pelos cheios de nó me fazem lembrar-se de Bolota, o ursinho do meu tio.

Acomodo-me contra o portão e aguço a audição. Queria ouvir o que a mulher dizia para os homens de uniforme, mas suas palavras são levadas pelo vento. Logo uma criança saltitante aparece ao seu lado, puxando a barra da saia da mulher. O garoto tinha os cabelos da mesma cor de mel da bela moça, então concluo que seja sua mãe. Despois de chamar a atenção da mãe e dizer algo a ela, ele fica na ponta dos pés para alcançar o cachorrinho e acaricia sua pequena cabeça.

Depois ele volta a postura normal e observa os homens passarem por ele com caixas nos braços e suor escorrendo pela testa. Agora, com ele de frente para mim, consigo ver suas bochechas coradas pelo sol e as sardas salpicadas pelo seu nariz. Seus olhos acinzentados brilhavam com curiosidade para o trabalho dos homens.

O observo por um bom tempo até seus olhos se voltarem para mim. Sua curiosidade é transformada em surpresa ao perceber que uma pessoa o encarava com tanta atenção. Eu o entendo. Eu também ficaria assustada se soubesse que estava sendo vigiada. Espero o garoto se esconder atrás das pernas da mãe ou correr para dentro da casa, mas ele abre um sorriso banguela em minha direção.

Animada por não ter fugido, espio para ter certeza que minha mãe estava ocupada com os afazeres domésticos e abro o portão apenas o suficiente para que eu esgueire para fora. Ao ver que agora sua mãe também estava me observando, escondo-me atrás de uma árvore e coloco apenas a cabeça a vista. Sorrio de volta e aceno timidamente para que se aproxime.

O garoto saltita em minha direção, sua camiseta branca balançando com o vento. Ele se coloca atrás da árvore e inclina a cabeça como eu.

-Oi- Começo- Eu sou a Jessie, sua vizinha.

- Olá Jessie. Seu vestido de bolinhas é muito bonito.

Sinto minhas bochechas queimarem ouvindo o elogio inesperado. Confesso que meu vestido nem era tão bonito como dizia, pois estava remendado.

Jessie Brodie (sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora