Capítulo 8

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Encosto no caixa ao lado de Beth

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Encosto no caixa ao lado de Beth. Hoje a tarde estava realmente entediante. Apenas uma ou outra alma passeava pelos corredores lentamente, procurando e analisando o rótulo dos produtos, e quando chegava a vez de passar a compra nunca iam ao caixa de Beth.

Respiro profundamente e arrasto-me até os produtos expostos ao lado do caixa, onde se encontra balas, chicletes, chocolates e até mesmo camisinhas. Pego um chocolate e começo a ler seus ingredientes na tentativa de passar o tempo, mas apenas descubro que deveria excluir aquilo da minha dieta por conter muito açúcar e que talvez eu precise de óculos.

Coloco-o novamente no lugar e me volto para Beth. Hoje, por incrível que pareça, ela não está com a lixa em mãos, mas está de plantão em seu esconderijo de sempre, pronta para ser usada. Seus cabelos loiros estão presos na trança de sempre e ela apoia a cabeça na mão, olhando para o sol fazendo com que seus olhos tão azuis quanto os meus brilhem.

-A gente bem que podia fazer aquilo- Sugiro voltando a me apoiar no caixa. Beth sacode a cabeça ao ouvir minha voz, como se libertasse de um transe.

-Fazer o que?- Uma ruga surge na sua testa com o levantar de sobrancelhas.

-Conversar. Conhecer mais uma da outra, sabe? Talvez a gente tenha mais coisas em comum do que imaginamos.

-Está bem- Ela se alonga e endireita a postura- O que quer saber?

-Quando somos crianças a primeira coisa que gostamos de fazer é perguntar a idade- Me inclino em sua direção- Qual sua idade Bethany Soares?

Ela solta uma risada abafada.

-Eu tenho vinte e cinco. E você Jessie... Eu não sei seu sobrenome.

-Vinte um. Jessie Brodie.

-Está bem, Jessie Brodie- Meu sobrenome sai de seus lábios como se fosse a letra de uma música- É um belo nome. Você veio de onde?

-Olha só. Acho que está gostando da brincadeira- Vou novamente até os chocolates e começo a organiza-los- Sou daqui.

- Você está brincando- Seu rosto é tomado de empolgação- Eu também!

-Viu só? Eu disse que tínhamos coisas em comum. Todo mundo tem.

-Foi mal. Você estava certa- Beth se inclina e apoia os cotovelos no caixa- Então... Por que está trabalhando aqui Jessie Brodie?

-Pelo mesmo motivo que você- Volto a atenção para os doces, organizando-os- Preciso de grana.

- Mas não está fazendo faculdade ou...

-Não. Apenas preciso de grana para pagar o aluguel- Digo com a voz ganhando um tom mais firme.

-Bem, garotas da sua idade costumam estar na faculdade.

Não consigo conter uma risada. Deixo o que estou fazendo de lado e me apoio na esteira, aproximando-me dela. Seus olhos azuis encontram os meus.

-Você fala isso como se fosse minha mãe- Ergo uma sobrancelha escura para ela com um sorriso nos lábios- E desde quando esse jogo passou a ser sobre mim. Conte-me Bethany, você é casada?

-Ainda não Jessie - Ela ri exibindo seus dentes brancos e calorosos- Na verdade, o cara que namoro não pensa muito nessas coisas, mas tenho fé que um dia vamos nos casar.

-Estarei torcendo por você- Desvio olhar dos seus, dessa vez encaro o sol brilhante que entra pelas grandes janelas tendo que semicerrar os olhos com a luz forte.

-E você? É casada?

-Acho que sou nova demais para isso. Minha mãe se casou aos dezoito, mas não quero seguir seus passos no ramo romântico.

-Namorado?- Olho para ela achando que tinha entendido a mensagem, mas ela apenas continua falando- Então namorada?

-Não Beth. Eu não namoro.

-Qual é!- Ela se joga na cadeira como uma criança birrenta- Você é tão bonita Jessie. Impossível que você não beije um cara diferente toda semana.

-Obrigada pela parte que me toca, mas não. Eu não me sentiria bem e só estaria dando mais prazer para eles.

-Tudo bem. Mas um dia vai encontrar alguém que não se aproveite de você e que também te de prazer- Beth pega sua lixa tirando-a de seu descanso- Gente bonita como você nunca acaba sozinha.

-Nos seus sonhos- Digo baixinho apenas para mim.

Fico em silêncio por alguns segundos, esperando que Beth continue fazendo perguntas para mim como tem feito, mas ela fica em silêncio lixando as unhas. Seu rosto está contraído em uma expressão de concentração e me pergunto se ouviu a resposta sem educação que soltei de repente. Esgueiro-me até ela.

-Uma última pergunta Beth- Inclino-me em sua direção e olho para os lados para ter certeza de que ninguém mais está ouvindo- Você gosta de cerveja?

-Quem não gosta?

-Topa tomar uma amanhã depois do trabalho?

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Jessie Brodie (sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora