Capítulo 22

3.5K 250 67
                                    

POV Camila

Era quase meia-noite daquela quarta-feira e Lauren ainda não tinha chegado em casa. Eu estava sozinha e já tinha assistido ao musical La La Land duas vezes seguidas e chorado copiosamente em ambas.

Também pudera! O filme é lindo e fala sobre como a vida é um sopro. É um convite à reflexão sobre como devemos viver intensamente tudo o que nos é permitido hoje, pois para o amanhã não há garantias.

Foi inevitável lembrar de Lauren e do nosso relacionamento. Tudo era tão maravilhoso e perfeito, na mesma proporção que efêmero e fugaz. Lauren foi o sopro de vida, amor e paixão que me despertou para uma vida cheia de cor e sabor, mas que tinha data para acabar. A cada dia com ela, me aproximava mais do fim e eu não sabia o que fazer quando chegasse o dia em que nosso prazo acabasse.

Suspirei frustrada e fui em direção à cozinha. De repente tive uma vontade insana de tomar sorvete. Abri o freezer na esperança de encontrar algum pote por lá, porém não vi nada. — Arghhh! — Gemi frustrada e bati a porta da geladeira. — Chega de vitimismo, leva essa bunda gostosa até à farmácia e compra logo seu sorvete! — Minha voz interior berrou e eu decidi aceitar o seu conselho.

Coloquei um short jeans curto, um moletom do Diretório Acadêmico e meu all star vermelho e dez minutos depois, já estava andando em direção à farmácia 24 horas, perto do apartamento de Lauren.

À medida que eu caminhava, a brisa fria da noite batia levemente no meu rosto, me transportando para longe. Lembrei da primeira vez que a vi.

Eu havia ido ao Fórum para a entrevista para a vaga de estágio. Ally, sempre muito simpática, foi quem me atendeu e manteve um sorriso doce durante toda a entrevista, o que me ajudou a relaxar e responder às perguntas sem gaguejar. Ela já tinha me dispensado e eu já estava com a mão na maçaneta da porta quando Lauren a abriu, e entrou com tudo, quase me atropelando. Foi graças às suas mãos firmes, que me seguraram na cintura, que eu não fui parar com a bunda no chão. Nossos olhares se cruzaram e ela estava com o cenho franzido e a expressão sisuda, mas havia um brilho escondido por trás daquela fachada dura.

— Camila, o que você está fazendo aqui? — Olhei para o lado e Lauren estava no carro. Ela tinha abaixado o vidro e me olhava furiosa. — Porra, Camz. O que você está fazendo sozinha na rua uma hora dessas?!

— Estou indo na farmácia. — Lauren bufou, ligou o pisca-alerta e saiu do carro. Deu a volta e abriu a porta do carona para mim e eu entrei.

— Por que não chamou um táxi, Uber ou sei lá, me esperou? — Ela suspirou irritada. — Não se deve sair uma hora dessas, a pé e sozinha. É perigoso.

— Eu precisava sair de casa, tomar um ar, espairecer.

— Você precisa de um carro, Camz. Assim você poderia sair em segurança. Me desculpa por não ter pensado nisso antes, mas amanhã mesmo eu vou providenciar um para você.

— O que? — Falei surpresa — Você não vai me dar um carro. — Neguei com a cabeça e prendi o cabelo num coque frouxo.

— Sua segurança não está em discussão. 

Eu estava prestes a questioná-la. 

— Você vai me desobedecer, cadelinha? — Lauren sorriu e apertou minha coxa.

Pronto. Uma palavra, um toque e eu estava completamente rendida ao seus domínios. Ela continuou a falar depois de parar no estacionamento da farmácia.

— O que acha de uma Mercedez, BMW, Jaguar? — Me olhou, esperando uma resposta. — Do que você gosta?

— Eu adoro montar numa Jauregui. — Sussurrei no seu ouvido e mordi o lóbulo da orelha, roçando minha mão de leve no meio das suas pernas, lhe arrancando um gemido baixo.

Cadela - Camren GIPOnde histórias criam vida. Descubra agora