Capítulo 46

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POV Lauren

Eu estava ali, há pelo menos cinco minutos, pressionando freneticamente a campainha da república até que uma voz feminina irrompeu de dentro da casa, gritando um irritado "já estou indo, inferno".

Enquanto esperava, respirei fundo, tentando acalmar as batidas do meu coração. As palavras de Lucy, ainda frescas em minha mente, semearam dentro de mim uma mistura de emoções, rendendo frutos de esperança de ter Camila de volta.

Depois de deixar Lucy em casa, decidi que não podia desperdiçar mais nenhum segundo da minha vida sem que Camila soubesse o quanto eu a amo. Acelerei e vim direto para cá, determinada a fazê-la me ouvir, nem que para isso precisasse gritar.

Encarei a porta de madeira com as mãos trêmulas, e olhei para o relógio em meu pulso, sentindo a ansiedade me consumir.

Eu tinha pressa para falar tudo o que guardei nos últimos meses. Queria despejar toda a minha saudade, exorcizar a dor e o ciúme que me corroíam, e finalmente declarar o meu amor. Parece que depois que decidi me abrir, segurar cada palavra estava se tornando um peso insuportável.

Tentei espiar dentro da casa, buscando por qualquer movimento, mas encontrei apenas o meu reflexo no vidro da janela. Olhei ao redor e o cheiro suave da grama úmida pela serração me invadiu, junto com a enxurrada de lembranças da última vez que estive aqui.

Um nó se formou na minha garganta e meu peito se apertou, enquanto mergulhava naquela memória dolorosa.

Depois que Camila me expulsou do quarto no hospital, na ocasião em que quase parti a cara da desgraçada da Ellen ao meio, permaneci na recepção à espera de notícias. Quando soube que ela precisou retornar à mesa de cirurgia, depois que os pontos se abriram, o peso da culpa se intensificou, e decidi esperar até que ela recebesse alta para conversarmos, longe dos olhares julgadores de suas amigas e principalmente de Ellen, que parecia incitar todas contra mim. Assim que a administração do hospital me ligou para enviar a conta e informar sobre sua alta, vim correndo para vê-la. No entanto, ao chegar, descobri que ela havia se mudado para o sítio, junto com Ellen e a criança. Foi como levar um soco no estômago. Estar de volta era como cutucar uma ferida mal cicatrizada. 

"Você só a machucou".

"Deixe que Ellen a faça feliz, como você não foi capaz".

"Camila merece alguém melhor do que você".

As palavras de Dina e Norminha ainda ecoavam como lembranças vivas em minha mente, mas estava decidida a não permitir que elas me afastassem novamente.

O rangido da porta se abrindo me trouxe de volta do passado, fazendo meu coração disparar diante da expectativa de encontrar Camila ali.

— O que diabos você está fazendo na minha porta às seis da manhã? — Dina perguntou, com a cara inchada de sono e uma expressão confusa no rosto.

— Cadê a Camila? — Desviei os olhos para dentro da casa, em busca de qualquer sinal dela.

— Você enlouqueceu? — Ela franziu a testa. — Isso só pode ser um pesadelo. — Arrumou o nó do roupão e cruzou os braços. — Camila não mora mais aqui. Que eu saiba ela está muito feliz e contente no sítio, junto com Ellen e a filha, vivendo aquela vida de camponesa vintage que ela adora.

O pensamento de vê-la feliz ao lado de Ellen era como uma faca perfurando meu coração, misturando-se com o ciúme e a dor que se acumulavam dentro de mim. Podia sentir meus músculos tensos, prestes a explodir.

Me recusando a acreditar naquela merda, empurrei a porta, desconsiderando os protestos de Dina, e entrei na casa.

Meus olhos varreram rapidamente a sala, enquanto chamava o nome de Camila, esperando desesperadamente uma resposta.

Cadela - Camren GIPOnde histórias criam vida. Descubra agora