Cadela - Camren GIP

Capítulo 38

POV Camila

Me sentei na grama verde, sentindo os suaves raios de sol aquecerem a minha pele, deixando  minhas mãos brincarem preguiçosamente com as folhas debaixo de mim.

Um sentimento de paz envolveu meu coração, e foi impossível conter um sorriso quando vi aquele menininho correndo pelo campo, arrastando sua pipa colorida por onde ele passava.

Seus cabelos negros, ficavam ainda mais desgrenhandos à medida que ele corria, se equilibrando sobre os pés pequeninos. Imediatamente me lembrei de Lauren. Eles eram tão parecidos.

Ele me lançou um olhar com seus olhos verdes, que irradiavam uma alegria contagiante, e soltou uma gargalhada admirando o seu brinquedo voar alto no céu.

Contudo, conforme corria perseguindo a sua pipa, ele foi se afastando cada vez mais até quase sumir da minha vista.

Gritei chamando por ele, mas o som ficou preso na minha garganta, me deixando com uma sensação sufocante.

De repente, tudo o que era luz, se transformou em sombra, e quando o perdi de vista completamente, uma dor aguda atingiu meu peito.

Corri em desespero, procurando por ele, mas me vi sozinha.

Meu corpo estava tenso, e o suor frio escorria pela minha testa. Minha respiração estava rápida e meu coração batia tão descompassadamente que parecia que iria saltar do meu peito a qualquer momento.

Foi então que, no meio de toda aquela escuridão, avistei um pequeno raio de luz e um pontinho de esperança brotou dentro de mim.

Juntei todas as minhas forças e corri em sua direção.

Era uma luz fraca, que se intensificava conforme eu me aproximava e ia me envolvendo aos poucos, me trazendo um pouco de paz. Cada passo em sua direção, diminuía o ritmo das batidas do meu coração e uma sensação reconfortante de alívio foi me preenchendo.

Estiquei a mão, na tentativa de tocá-la, e sorri quando aquele menininho surgiu, estendendo suas mãozinhas em minha direção.

Eu estava quase conseguindo alcançá-lo quando ouvi alguém gritando meu nome, com uma voz angustiante.

Eu hesitei por um momento, olhando para o menininho, sentindo uma conexão inexplicável com ele. Mas, a urgência na voz que me chamava foi me puxando para a realidade e aos poucos a luz foi desaparecendo e a imagem daquela criança se tornou um foco borrado.

Abri os olhos lentamente, me sentindo confusa, e avistei uma equipe de médicos se movendo freneticamente ao meu redor. Suas vozes soavam distantes e apressadas e eu me esforcei para entender o que estava acontecendo.

— Senhorita Camila, você sofreu uma arritmia cardíaca, mas conseguimos reverter a situação. Administramos um medicamento para estabilizar seu ritmo cardíaco e é possível que você se sinta um pouco zonza, mas isso é normal.

Em seguida, ouvi batidas discretas na porta, seguidas pela voz rouca que reconheceria em qualquer lugar. Meu coração acelerou ao ouvi-la perguntar suavemente: "Posso entrar?"

— Claro, estamos de saída. — Respondeu um dos médicos.

Lauren entrou na sala devagar, parecendo um pouco insegura. Seus movimentos eram lentos e cuidadosos, quase como se estivesse tentando não chamar atenção. Ela deixou um buquê de rosas sobre a mesinha de cabeceira e virou-se para mim.

Seus óculos escuros escondiam a maioria dos hematomas que marcavam o seu rosto, mas não conseguiram ocultar o corte no lábio.

Imediatamente, a imagem de Leleco sobre ela, desferindo golpes e mais golpes sem parar, me veio à mente, me deixando enjoada. Ele parecia um monstro e eu tinha certeza de que ele iria matá-la se eu não fizesse alguma coisa.