Capítulo 28

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POV Lauren

Entrei em casa e a solidão pesava no ar, envolvendo a minha alma em uma névoa sombria. Joguei o paletó sobre o sofá e afrouxei o nó da gravata. Caminhei até o bar e me servi de uma dose dupla de whisky, que bebi num único gole. Voltei a encher o meu copo e a sensação de dor percorreu minha mão.

Uma onda de dor pulsante irradiou-se pelos nós dos meus dedos e um inchaço começou a se formar onde eu havia socado a parede. Mas, a dor física não era nada comparado ao vazio que eu estava sentindo em meu peito. Fui até a cozinha e enchi um balde com gelo e coloquei minha mão dentro.

Enquanto minha mão repousava no balde, senti uma sensação de alívio momentâneo à medida que o gelo entorpecia a dor física. No entanto, o vazio em meu peito persistia.

Olhei ao redor e tudo era um lembrete silencioso dos momentos felizes que tive ao lado de Camila. Aquela casa, que antes abrigava tanta vida, música, comida, bagunça, risadas, conversas e abraços, agora era um espaço frio e desolado.

O pior é que eu estava acostumada a viver assim. Acompanhada apenas pela solidão que permeava cada aspecto da minha vida. Agora, porém, a solidão que me acompanhava antes de Camila, parecia ainda mais desoladora. Ela havia preenchido a minha vida com tanto amor, aceitação e uma sensação de pertencimento que eu nunca havia experimentado antes. Deve ser por isso que eu relutei tanto em quebrar as barreiras que ergui em volta de mim. De certo modo, eu sentia que não saberia como preencher o vazio que Camila deixaria quando partisse.

Com um suspiro pesado, me arrastei de volta para a sala. Meu corpo desabou no sofá e meus olhos percorreram o ambiente, buscando alguma distração para a melancolia que me envolvia. Foi então que minha atenção se fixou na pequena luz piscante da secretária eletrônica, destacando-se na escuridão da sala. Levantei do sofá e me aproximei do aparelho. Pressionei o botão de reprodução e a voz de Lucy ecoou pela sala.

— Porra! — Levei minha mão aos cabelos, agarrando-os com força enquanto tentava processar aquele recado. Foi por isso que Camila partiu. Ela descobriu da pior maneira possível que eu sou casada. Meu coração afundou no peito. A sensação de ter traído a sua confiança era esmagadora. A culpa pesava em meu peito e lágrimas encheram os meus olhos. Dessa vez, me permiti desabar num choro profundo, que preencheu a sala vazia, a única testemunha da minha fragilidade, medo e arrependimento. — Deus, Camila nunca vai me perdoar.

(...)

Acordei com o som estridente do interfone e imediatamente senti uma pontada aguda percorrer minha cabeça. Com um gemido, levantei da cama e caminhei lentamente em direção àquele ruído infernal.

— Eu acho bom ser muito importante. — Falei irritada.

— Desculpe, Doutora Jauregui. — O porteiro disse constrangido. — Mas, seu irmão está aqui. Posso autorizar a sua subida? — A pontada na minha cabeça pareceu se intensificar. O que Chris estava fazendo aqui? Respirei fundo e me esforcei para ser mais educada. Não era certo descontar a minha frustração no porteiro.

— Pode, obrigada. — Enquanto aguardava Chris chegar, me servi de uma dose de whisky e tomei alguns goles junto com dois comprimidos para enxaqueca.

— Puta merda, Lauren! — Chris exclamou assim que me viu. — Dormiu num barril de whisky? — Ele abriu as cortinas, permitindo que a luz do sol invadisse a sala, fazendo meus olhos, acomodados com a escuridão, piscarem involuntariamente em uma irritação incômoda até se ajustarem à nova luminosidade.

— Não enche, Chris. — Disse irritada e me joguei no sofá. Enquanto meu irmão permanecia diante de mim, com uma expressão preocupada no rosto, perguntei de uma forma um tanto impaciente — O que você quer?

Cadela - Camren GIPOnde histórias criam vida. Descubra agora