Capítulo 18

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POV Camila

Lauren não me procurou naquela noite e eu demorei para dormir. Na verdade, eu quase não preguei os olhos.

Meu coração estava apertado e uma angústia me consumia cada vez que eu fechava os olhos. Em meio às lágrimas, eu me lembrava de cada pequeno gesto de Lauren, que me levava a acreditar que meu amor era correspondido e decidia lutar para destruir qualquer que fosse a barreira que ela tinha construído em volta de si. Meio segundo depois, eu me lembrava do contrato que ela fez questão de assinar, de suas palavras duras dizendo que em um ano voltaríamos a viver nossas vidas e que outra mulher tomaria o meu lugar. Suspirei cansada dessa briga inútil entre razão e emoção e levantei cedo.

Quando cheguei na cozinha, encontrei um bilhete sobre a bancada:

"Ficarei o final de semana fora. Tem liberdade para fazer o que quiser. L."

— Oh sim, muito maduro de sua parte, Senhora! — Falei alto, com raiva por ela ter sido tão fria. Se eu bem a conhecia, ela se fecharia num casulo introspectivo e voltaríamos àquele estágio, onde eu era invisível.

— Bebê, aquela reunião do Diretório ainda está de pé? — Perguntei para Ariana, colocando o celular no viva-voz enquanto passava o café.

— Bom dia, linda! — Ari falou sorrindo, um pouco ofegante. — Primeiro, que milagre é esse que você acordou cedo em pleno sábado?

— Pois é, pulei da cama. — Suspirei ao lembrar de Lauren.

— Estava correndo. Tô no parque perto da república, quer que eu vá aí? Levo umas rosquinhas bem doces e vitamina de banana!

— Ahm, não. Quer dizer, eu vou te encontrar. Me espera naquela padaria da esquina, chego em 15 minutos.

Desliguei o telefone e corri para o chuveiro. Tomei um banho mais do que rápido e coloquei algumas roupas na mochila. Não iria ficar naquele apartamento sozinha, pensando em como eu era uma idiota por ter me apaixonado por alguém que não queria nada além de me comer.

Meia hora depois, encontrei Ariana na padaria, com um biquinho emburrado. Ela vestia uma calça league, tênis e um moletom. Estava com o cabelo preso num coque, com alguns fios soltos. O sol estava batendo diretamente naquela mesa, deixando seus cabelos ainda mais dourados. Estava linda.

— Desculpe o atraso! — Cheguei por trás e dei um beijo no seu rosto, a pegando desprevenida. Ela sorriu e me puxou para um abraço apertado.

— Só desculpo porque você está linda. Mudou o cabelo? — Eu não me sentia linda, estava com olheiras de uma noite mal dormida e peguei a primeira roupa que achei no armário, um short, com meia calça por baixo, bota de cano curto e um cropped de manga longa.

— Não, só aparei a franja. — Disse pegando o cardápio.

Aquele tempo com Ari foi muito importante para mim. Nós duas e Shawn éramos inseparáveis, passávamos todo o nosso tempo livre juntos, íamos ao cinema, teatro, festas. Em uma época, chegamos a montar nosso próprio clube do livro. Sentia falta dos meus amigos. Passamos a manhã conversando e antes do almoço, Shawn se juntou a nós. Fomos para a república e Dina e Norminha, quase surtaram quando me viram. Decidimos fazer um churrasco e algumas bebidas depois, resolvemos esticar nossa reunião. Shawn escolheu uma balada gay e todas nós topamos. Ariana estava bastante empolgada e foi a primeira a ficar pronta. Eu resolvi tomar um banho e comer algum doce para recuperar um pouco da minha sobriedade.

— What the fuck, que mulherão, Mila! — Shawn disse quando me viu descendo a escada. Ele me abraçou, puxando Ari também. — No meio de duas gatas dessa, eu tô me sentindo um rei.

Cadela - Camren GIPOnde histórias criam vida. Descubra agora