Capítulo 36

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POV Lauren

— É ali. — Murmurei para Carvalho, que estava ao meu lado, junto com mais quatro homens que decidiram nos acompanhar.

Para não levantar suspeitas, havíamos abandonado o carro há alguns quilômetros e avançamos a pé até a parte mais alta do morro, onde estava o prédio no qual Ashecasch indicou que Leleco e Camila estariam. Infelizmente, esse perímetro estava fora do alcance dos drones, então teria que confiar apenas no que os nossos olhos pudessem enxergar.

Enquanto me escondia atrás de um barraco, observei o prédio mal acabado diante de nós, ocupado por famílias sem teto.

A escuridão da noite não me permitia ver com clareza os detalhes, mas a fraca iluminação, vinda de poucas lâmpadas no interior do prédio, me permitiu ver as paredes desgastadas, com rachaduras e manchas de umidade, junto com os ferros e vigas expostas. As janelas, sem vidros e com cortinas improvisadas, tremulavam conforme o vento soprava. Algumas roupas estavam penduradas em varais adaptados na sacada, indicando que havia vida ali. Contrastando com esse cenário desolador, estava a vista da cidade, repleta de pontos de luz brilhantes, com seus prédios bonitos, seguros e imponentes. 

— Qual o plano, chefe? — Indagou Carvalho.

— Tem gente morando aí, não dá para passar fogo em todo mundo. Como vamos fazer? — Um dos meus seguranças ponderou.

Antes que pudesse responder, ouvi passos cautelosos sobre as telhas do barraco, aproximando-se lentamente. Da nossa posição, não era possível identificar quem estava se aproximando. 

Sinalizei silêncio para minha equipe e preparei minha pistola. 

Ao detectar um vulto na extremidade do telhado, dei o sinal e Carvalho o puxou pelos pés, fazendo-o cair no chão. Em seguida, desarmou-o e entregou seu fuzil a um dos nossos homens.

— Vocês tão muito fodidos. — Debochou o jovem, antes de receber um soco de Carvalho, que o fez cuspir um dente.

— Para quem você trabalha? — Perguntei, mas ele apenas riu, me olhando com desdém e cuspindo o sangue que se formou na sua boca.

— Morro, mas tu não vai saber.

— Atire. — Ordenei a Carvalho, que, com um silenciador, atingiu o joelho do rapaz, fazendo-o gritar de dor.

— Para quem você trabalha? — Voltei a perguntar, mas o rapaz permaneceu em silêncio, se contorcendo de dor, segurando o joelho ferido, e chorando.

— Atira. Para matar agora. — Instruí Carvalho, que prontamente apontou sua arma para a testa do rapaz.

O jovem me encarou com desespero. Era um olhar que eu conhecia muito bem, o olhar do puro terror. Naquele momento, tive a certeza de que ele faria qualquer coisa para preservar sua própria vida.

— Pro Madruga. — Ele disse rápido, levantando as mãos em rendição. — Eu trampo pro Madruga, faço a segurança da área.

— O que você sabe sobre o Leleco?

— Ele vive aqui no morro, caiu no xadrez esses dias e a mina dele pegou um dinheiro com o Madruga para pagar a fiança.

— O que mais? — Perguntei e olhei para Carvalho, que engatilhou a pistola. O rapaz entrou em pânico, seu peito subindo e descendo freneticamente, enquanto ele mijou na calça.

— Ele tá aí no prédio. — Indicou com a cabeça. — Ele... ele entrou com uma guria da hora, estilo grã-fina. — Aproximei do jovem e ele continuou. — E me deu uma grana também, pediu para eu ficar ligado e avisar se visse algo estranho.

Cadela - Camren GIPOnde histórias criam vida. Descubra agora