Capítulo 55 (Final)

6K 315 366
                                    

POV Lauren

— O amor é paciente, o amor é bondoso e caridoso.

O eco solene do discurso do juiz de paz reverberava pelo salão da igreja. Mas para mim, sua voz parecia distante. Eu me esforçava para me manter concentrada nas suas palavras bonitas sobre o amor, mas estava tão agitada que mal conseguia sentir minhas próprias pernas.

— O amor não sente inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

Meu coração batia forte, tão alto que eu podia ouvir as batidas ecoando em meus ouvidos, tão ensurdecedoras quanto tambores em festa de Reis. A cada palavra, o nervosismo aumentava, formando um nó na garganta que dificultava até a respiração. Com a cerimônia quase no fim, cada segundo parecia uma agonia interminável. Eu precisava me acalmar, manter a racionalidade, mas meu corpo se recusava a obedecer.

Olhei para Camila no altar... e, porra, como ela estava linda. Seu perfil concentrado no juiz, banhado pela luz suave da igreja, me arrebentou. Desde que a pedi em casamento, a imaginei vestida assim, mas a realidade superava qualquer sonho. Ela estava radiante, como um anjo descido do céu.

O véu branco, como um símbolo da pureza e doçura que emanavam de sua alma, cobria seu rosto delicadamente. O vestido branco, feito sob medida para realçar suas curvas perfeitas, caía sobre seu corpo como uma segunda pele.

A cada movimento, a cada respiração leve, Camila parecia mais perfeita. Tudo nela funcionava como a porra de um lembrete da sorte de tê-la.

As palavras do Apóstolo Paulo na voz do juiz de paz me tiraram do transe, pairando sobre como um mantra. "O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." Será que isso também se aplica à minha realidade torta e distorcida?

O amor de Camila por mim sempre foi um farol, uma luz constante em meio à minha escuridão. Mesmo quando eu me via como um monstro, mergulhada em uma mar de sombras e egoísmo, incapaz de retribuir seu afeto, ela me acolheu em seus braços e me amou incondicionalmente.

Desafiando todas as leis da lógica, quanto mais eu me afundava na escuridão, mais se ela se doava, me entregando sua doçura e aceitação sem reservas. Quando qualquer outra teria me virado as costas, ela estendia sua mão, me puxando para cima, de volta para a superfície. Parecia que, quanto mais desafiado o seu amor fosse, maior ele se tornava.

Eu sabia que pouco a pouco estava a arrastando para o meu mundo sombrio, a afastando da luz que ela carregava. E chegou o momento em que o peso dos meus erros se tornou grande demais.

As palavras do Apóstolo Paulo voltaram a ecoar em minha mente. O amor realmente tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta, mas até o mais forte dos amores tem limite. E Camila havia encontrado o seu.

— O amor nunca falha. — Proclamou o juiz. — E é com essa certeza que estamos aqui hoje, para celebrar a união de duas almas que se encontraram e decidiram caminhar juntas.

Meus olhos se encontraram com os dela, e foi impossível segurar as lágrimas. A mulher que eu amava mais do que tudo estava ali, diante do altar, pronta para se tornar uma esposa.

Enquanto nossos olhares se cruzavam, um flash me transportou de volta no tempo, para o dia em que tudo desmoronou.

Um ano atrás...

Os lábios de Daniela estavam grudados nos meus quando o estrondo da porta se abrindo me fez virar. Minha mente ainda estava atordoada com o que estava acontecendo quando vi Camila parada ali, com um olhar de dor e incredulidade.

Cadela - Camren GIPOnde histórias criam vida. Descubra agora