Um dia, olhando ao redor, me dei conta de que achava todas as mulheres muito atraentes. Absolutamente todas as mulheres. De todos os tipos, e com todos os jeitos, elas todas me eram muito atraentes. As altas, as pequenas, as largas, as finas... todas, absolutamente todas, muito atraentes.
Me pergunto se elas pensam assim também dos homens. Se ficam avaliando a largura de nossas costas, a firmeza de nossas abdomes, ou a proeminência dos maxilares... Acho que não, na verdade. Temo que esse tipo de observação seja uma bizarrice exclusivamente minha. Bem, e o pior, a avaliação é sempre fútil e desnecessária, afinal, inevitavelmente, eu chego sempre no mesmo resultado: que são lindas. Todas, todas, absolutamente todas, todas as mulheres que passam ao meu redor possuem sua única e especial forma de encanto, que as fazem, eternamente, muito, muito, muito atraentes...
Mas é claro que isso também levanta a questão derradeira: se todas são tão extremamente lindas, que diferença faz eu me apaixonar por uma ou por outra? O que me garante que não me apaixonaria pela primeira e logo em seguida pela segunda? O que me garante que não me apaixonaria pela terceira? O que me garante que não apaixonaria pela próxima que passar por aqui? Qual é a diferença que existe entre elas, realmente? São todas lindas, afinal de contas. O que tem a primeira que não tem essa segunda, hipotética? Ou a terceira? Por que me apaixonaria por uma frente à outra? Existe real motivo?
E desde quando eu faço as coisas sem motivo?
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Meu livreto preto
PuisiAlgumas reflexões de um jovem dessa geração. Dispostos às vezes como poemas, às vezes em prosa, mas sempre como vieram à mente. Perdido num planeta tão grande, e sentindo o peito apertar de ansiedade, confia às palavras, suas melhores amigas, a inti...