Lendo minha autobiografia,
e sentindo a cabeça doer de esforço,
percebi que forçava demais a visão
para me desviar do astigmatismo.Decidi, então, visitar o oftalmologista.
Ele me perguntou: "que letra é essa?".
Eu respondi, "A",
e ele me disse, "E".
"E que letra é essa próxima?"...
"A", e ele, "E"...
"Que letra é essa?",
"E", eu disse,
e ele,
"F"...Terminado o exame,
ele me receitou novos óculos:
"use estes,
que as letras param de se embaralhar".Mas quando voltei à minha leitura,
pasme,
não reconheci as palavras.
E meu nome, antes Gustavo,
agora lia-se Augusto..."Quer saber?", eu pensei,
"que eu volte a ler com meus borrados
e minhas dores"
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Meu livreto preto
ŞiirAlgumas reflexões de um jovem dessa geração. Dispostos às vezes como poemas, às vezes em prosa, mas sempre como vieram à mente. Perdido num planeta tão grande, e sentindo o peito apertar de ansiedade, confia às palavras, suas melhores amigas, a inti...