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Estava cansada!

Tinha dormido grande parte da viagem, mas ainda assim precisava descansar mais.

Porém, não podia dormir naquele momento, não antes de ler a carta que estava me matando de curiosidade.

Assim que entrei em meu quarto procurei pela mochila onde tinha guardado as cartas, e a última carta em especial.

E logo que a encontrei, peguei naquilo que me interessava.

Não me preocupei em abrir correctamente o envelope.

Meu coração estava acelerado, estava curiosa e assustada sobre o conteúdo da carta. Com medo de que ela me impedisse de superar o que sinto pelo Hudson.

Mesmo com a mente agitada, decidi começar a ler:

"Dear Rose,

Essa é a primeira vez que te escrevo desde que você sabe quem sou. E imagino que isso tenha te deixado intrigada.

Tudo o que eu mais queria era que você tirasse um tempo para me ouvir e entender os motivos que me levaram a esconder a minha identidade como remetente das cartas. E por mais que eu quisesse muito dizer todas as coisas pessoalmente, eu não posso porque você não permite que eu faça isso e eu entendo o seu lado.

Por esse motivo eu decidi enviar essa carta para você, a última carta. Com o intuito de explicar tudo aquilo o que eu não pude dizer no dia do baile.

Primeiramente, Erick não é meu pai. Eu sequer sei quem é o meu pai.

Minha mãe era jovem quando me teve e bom...você já deve ter ouvido histórias sobre homens que não assumem as suas responsabilidades. O facto é que minha mãe estava vulnerável, precisava de um homem que pudesse cumprir o papel de pai na minha vida e o Erick apareceu.

Ela costumava contar histórias de como ele foi cavalheiro, do modo como a tratou bem e do modo como me tratou. Isso a fez pensar que ele era o homem certo, por isso se casaram.

Quando minha mãe começou a descobrir sobre o verdadeiro carácter dele já era tarde demais, minha irmã já tinha nascido e ela não podia fazer com que nós (ela) crescêssemos sem pai. E eu não a julgo por pensar assim.

O problema realmente começou quando ele passou de indiferente para abusivo. Ele a abusava não só psicologicamente mas também fisicamente, foi aí onde eu tive que entrar e ameaçá-lo para que ele não voltasse a fazer mal a minha mãe. E por mais que eu tentasse dizer a ela que tudo estaria bem se ela simplesmente o deixasse e vivêssemos apenas nós 3, sem ele.

Porém, nada disso resultou.

Por eu tê-lo enfrentado, Erick guardou um certo rancor de mim. A garota que ele estuprou em Madrid era minha amiga, e ele só tinha feito aquilo para me atingir sem se preocupar com as consequências. Você não sabe o quão mal eu fiquei por saber que o trauma que ela teria pelos próximos anos da vida dela seria por culpa minha.

Eu e o Derek nunca nos demos muito bem, conversávamos raramente. Mas no momento em que o seu video vazou, eu vi e reconheci o Derek lá. Eu só tive o vídeo porque eu precisei baixar para perguntar sobre o facto de um vídeo do meu primo com uma garota visivelmente inexperiente ter ficado viral.

Eu não sei o que o Erick falou para você, mas eu realmente não o tive para maus fins. Não me alegrei com o que vi.

Foi exatamente por esse motivo que comecei a enviar as cartas para você assim que cheguei a esta cidade, porque no dia em que nos vimos pela primeira vez eu pude perceber o quão quebrada você estava. Eu queria ser a pessoa que iria te ajudar a se reerguer, queria ser aquele que te ajudaria a juntar as cinzas para que você mostrasse que nada do que tinha acontecido tinha de facto te destruído permanentemente.

Dear (B)romanceOnde histórias criam vida. Descubra agora