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— Bom dia — cumprimentei aos funcionários que estavam na cozinha quando passei por lá para pegar alguma coisa para comer.

Tinha sido a última a acordar e pelos vistos a casa estava vazia, digo, papai e Emma não estavam por lá.

— Bom dia menina, vai querer alguma coisa? — a cozinheira perguntou, com um sorriso bastante cativante.

Estava naquela casa há um mês, mas não tinha tido a oportunidade de conhecer as pessoas que trabalhavam lá— que eram muitas, valia dizer. Estava sempre saindo para festas com Nicholas e com os amigos dele.

— Posso ser eu a fazer? — questionei.

Se minha mãe me ouvisse a dizer aquilo perguntaria se eu estava me sentindo bem, e colocaria termômetro para saber se eu estou com febre.

— Claro, a cozinha é toda sua — ela disse dando espaço para eu ficar onde ela estava.

— Obrigada — sorri olhando em volta.

— Mas acho melhor eu ficar, no caso de precisar de ajuda — ela disse sugestiva.

— E olha que irei precisar de ajuda — comentei olhando em volta perdida.

Nem precisei pensar muito para decidir o que faria para pequeno almoço. Naquela manhã em especial, tinha acordado com o peito ardente de tanta saudade que tinha de casa, saudades da minha mãe e da comida maravilhosa que ela preparava sempre antes de sair. Em especial, estava com saudades da lasanha de frango.

Enquanto começava a cortar os ingredientes, soube que o nome da cozinheira da casa era Anna, que meu pai e Emma realmente tinham saído mas também tinham levado Henry com eles e que Nicholas estava dormindo.

— Nem imagino o quão difícil esteja sendo estar aqui — ela comentou com um tom de voz pesaroso.

Não lembro exatamente em que momento começamos a falar sobre a cidade onde eu vivia, mas quando fui perceber já estávamos a falar sobre ela, sobre minha mãe e Sophie.

— Em algum momento isso iria acontecer, não é? — ela assentiu.

Por mais que fosse verdade, aquilo não servia para atenuar a saudade que estava sentindo.

— Ainda bem que o seu pai foi te levar para morar com ele, seria muito mais difícil viver em uma cidade nova sem qualquer conhecido ainda mais sendo tão nova.

Será?

— Bom dia!

Nem precisei olhar para a direção de onde vinha a  voz para saber quem era.

Nicholas.

— Bom dia senhor — Anna o cumprimentou antes de sair da cozinha, nos deixando a sós.

Eu, por outro lado, preferi ignorar sua presença e segui montando a minha lasanha na travessa.

— Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou parando de frente para mim, entre o balcão da cozinha.

— Não aconteceu nada — respondi com o tom mais seco do que pretendia.

Mas ele bem que merecia aquilo.

— Então aconteceu alguma coisa — deduziu certeiro — O que foi?

Mordi o meu lábio inferior, contendo a enorme vontade de jogar na cara dele o que tinha me incomodado.

Segurei firmemente na travessa antes de caminhar até ao forno, onde me abaixei para poder colocá-la lá.

Quando virei para voltar a me sentar pulei de susto ao ver que Nicholas estava há míseros passos de distância de mim. Estava tão perto que podia sentir sua respiração batendo contra meu rosto.

Dear (B)romanceOnde histórias criam vida. Descubra agora