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O campus da faculdade estava estranhamente silencioso naquela tarde. As conversas abafadas dos alunos e o barulho distante de carros passando ao longe criavam uma atmosfera quase surreal. Após a tempestade emocional da manhã, sentia-me como se estivesse caminhando em um sonho. Cada passo que dava, me afastando de casa e da briga com meu pai, me levava para mais perto da minha rotina, mas a tensão ainda não tinha desaparecido.

Entrei no prédio principal, passando pelas portas de vidro que brilhavam com o reflexo do sol da manhã. O ambiente frio do ar-condicionado contrastava com o calor do lado de fora, e eu senti um calafrio enquanto caminhava pelo corredor em direção ao meu armário. Era estranho como, em tão pouco tempo, a faculdade já parecia tão familiar, quase como um segundo lar. Mas, naquele momento, eu me sentia deslocada, como se estivesse observando tudo de longe.

Enquanto organizava meus materiais, ouvi uma voz conhecida atrás de mim.

— Rose! Ei, garota!

Me virei e vi Samantha se aproximando, com seu sorriso contagiante e uma energia que sempre me fazia sentir melhor. Ela era o tipo de amiga que irradiava positividade, e naquele momento, era exatamente o que eu precisava.

— Oi, Sam! — sorri de volta, tentando afastar a tensão da manhã.

Samantha se encostou no armário ao lado do meu, os olhos brilhando de curiosidade.

— E então, como foi a noite de ontem? Como foi a festa com o Joshua e os amigos dele? Foi interessante?

Eu ri, balançando a cabeça.

—Interessante não é exatamente a palavra que eu usaria. — fechei o armário e me virei para ela, sentindo que era impossível esconder algo de Samantha — Mas, na verdade, foi uma noite... estranha.

— Estranha como? —  ela arqueou uma sobrancelha, visivelmente intrigada.

— Bem, — comecei, escolhendo cuidadosamente minhas palavras — Joshua me apresentou aos amigos dele, e eu finalmente conheci o famoso Andrew. Ele estava lá ontem à noite.

Ao mencionar o nome de Andrew, notei que o rosto de Samantha ficou um pouco mais sério, mas ainda curioso.

— Andrew? Você falou com ele? Como ele é? Ele é tão legal quanto parece?

Eu suspirei, pensando em como responder.

— Não foi exatamente uma conversa. Ele mal falou comigo. Na verdade, ele parecia meio... distante. Eu esperava algo diferente, mas foi esquisito.

Samantha franziu o cenho, claramente confusa.

— Esquisito como?

— É difícil explicar, —  respondi, mordendo o lábio inferior enquanto tentava encontrar as palavras certas — Quando ele me olhava, parecia que já nos conhecíamos de algum lugar, mas ao mesmo tempo, ele mal se esforçava para conversar. Havia algo nos olhares que ele lançava, como se estivesse tentando lembrar de algo, ou me estudar... Eu não sei. Foi desconcertante.

— Talvez ele só estivesse nervoso, — Samantha sugeriu, embora seu tom fosse cauteloso — Às vezes, quando gostamos de alguém, agimos meio estranhos, sabe? Eu faço isso o tempo todo.

— Pode ser, — concordei, mas a sensação de desconforto ainda pairava sobre mim — Mas não era só isso. Algo nos olhares dele me fez pensar que já nos encontramos antes, mas não consigo lembrar onde ou quando.

Samantha fez uma pausa, aparentemente considerando minhas palavras. Ela sempre foi mais perceptiva do que parecia à primeira vista, e eu sabia que estava tentando juntar as peças do quebra-cabeça junto comigo.

Dear (B)romanceOnde histórias criam vida. Descubra agora