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O quarto estava escuro, apenas a luz fraca da rua invadia o ambiente pelas frestas da janela. Minhas lágrimas haviam secado no rosto, mas a dor no peito era insuportável, quase física. Eu me sentia como se estivesse caindo em um poço sem fundo, sendo tragada por um turbilhão de emoções confusas. O silêncio ao meu redor amplificava a solidão que me consumia.

Hudson.

Seu nome ecoava em meus pensamentos como uma maldição. A conversa que tivemos, suas palavras, o jeito como ele me olhou... Tudo se repetia na minha mente, como se eu estivesse revivendo aquele momento sem parar.

Eu queria ter dito mais, queria ter gritado para ele tudo o que eu sentia, tudo o que ele me fez sentir ao longo de todo aquele tempo. Mas as palavras não saíram. Eu me fechei, incapaz de expressar o caos dentro de mim. E agora, sozinha no escuro, tudo o que eu conseguia fazer era chorar.

O choro começou de forma silenciosa, mas logo se intensificou. Meu peito doía, parecia que não havia mais espaço para o ar. Eu soluçava, tentando respirar, mas cada tentativa de puxar o ar para os pulmões parecia falhar. As lágrimas escorriam quentes pelo meu rosto, e eu me sentia perdida, sufocada pela dor. Meus pensamentos estavam embolados em um nó de arrependimentos, dúvidas e mágoas que eu não conseguia desatar.

De repente, ouvi a porta do meu quarto se abrir, e me virei lentamente para ver Nicholas parado na entrada. Seus olhos se arregalaram assim que ele me viu naquele estado. Ele fechou a porta rapidamente atrás de si e veio até mim, seu corpo carregando uma tensão que era visível até na forma como ele caminhava.

— Rose? O que aconteceu? — a voz dele estava firme, mas carregada de preocupação.

Eu vi o brilho em seus olhos, uma mistura de angústia e raiva contida. Nicholas era uma pessoa explosiva, isso eu sabia, e o fato de ele estar tentando se controlar me dizia o quanto ele estava preocupado. Ele se ajoelhou ao meu lado, me segurando pelos ombros, como se quisesse me fazer voltar para a realidade, como se quisesse tirar de mim aquela dor insuportável que me consumia.

Eu não consegui responder. As palavras simplesmente não vinham. Apenas mais lágrimas. Eu tentei dizer algo, tentei explicar, mas minha garganta estava apertada demais, e a dor em meu peito era tanta que falar parecia impossível.

Nicholas me puxou para um abraço apertado, um daqueles que ele sempre dava quando queria me fazer sentir amada.

— Rose, me diz o que aconteceu. Quem fez isso com você? Foi aquele desgraçado do Joshua, não foi? — a raiva em sua voz era palpável, mas ele a controlava o melhor que podia — Eu vou matar esse cara. Vou acabar com ele. Me diz só uma coisa, Rose. Foi ele?

Eu balancei a cabeça, mas ainda não consegui dizer nada. Eu queria que ele entendesse, queria que ele soubesse que não era sobre vingança ou briga. Era sobre o que eu estava sentindo, algo muito mais profundo do que qualquer coisa física que Hudson pudesse ter feito. Mas Nicholas, sendo quem era, não via as coisas desse jeito. Para ele, resolver algo significava eliminar o problema pela raiz. E nesse caso, ele acreditava que o problema era Joshua.

— Rose, por favor, — ele sussurrou, sua voz um pouco mais suave — eu só quero te ajudar. Me diz o que fazer.

Eu apenas chorei mais, agarrando-me a ele como se Nicholas fosse minha única âncora em um mar tempestuoso. Não havia palavras que pudessem descrever o que eu estava sentindo naquele momento. Era como se tudo estivesse desmoronando dentro de mim, e eu não conseguia encontrar um jeito de explicar.

Nicholas ficou em silêncio por um momento, me segurando com força. Ele respirou fundo, claramente tentando se acalmar.

— Está bem, Rose. Não precisa dizer nada agora. — ele se afastou apenas o suficiente para olhar nos meus olhos —Vem comigo. Vamos sair daqui. Eu vou te distrair, te fazer esquecer disso por um tempo, ok?

Dear (B)romanceOnde histórias criam vida. Descubra agora