A Noiva

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Assim que cheguei em casa eu alimentei Bolt, tomei um banho longo e me deitei no sofá. Peguei meu notebook velho que raramente usava, exceto para jogar aquele maldito jogo de fazenda vez ou outra. Eu abri e comecei a pesquisar sobre assassinatos por norte-americanos que ocorreram nos últimos dias.

Acontece que a busca era ampla demais e, além do caso de Deshi e sua irmã, encontrei apenas um outro que se assemelhava ao que eu buscava. Um russo na casa dos quarenta que foi atropelado por um estrangeiro quando saía do trabalho. Salvei o link para mandar para Nathan.

Meu celular tocou e me surpreendi ao ver o nome de Rhodes na tela.

— Um pouco tarde para ligações, não? — brinquei. A chamada do outro lado ficou em silêncio — Carey?

— Desculpe. Não queria te incomodar. Não tive a chance de perguntar se você estava bem. Ouvi o depoimento do garoto e li o relatório de Coleman...

Rolei pelas notícias na tela do notebook.

Bolt pulou no sofá e encostou a cabeça perto da minha coxa.

— Não foi nada demais. Gosto de ser enforcado na cama.

— Bom saber que você está bem... Owston abriu uma investigação sobre esse tal Edward e não acho que ele te agrediu porque odeia policiais. Acho que ele estava atrás de você e eu sinceramente não sei o que pensar! Você e Coleman andam escondendo informações e parece que seus segredos estão batendo na porta agora.

Eu fechei os olhos. É claro que Rhodes não deixaria o caso passar assim. Ela era uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci e brilhante como detetive. Diferente de mim, sua inteligência para resolver casos realmente pertencia a ela e não era um poder que ganhou de um ancestral.

Investigar Eddie não levaria a lugar nenhum. Até porque não era Eddie quem queria me matar, mas Rhodes nunca saberia disso.

— Você é a primeira pessoa para quem eu ligaria se me metesse em uma confusão — eu respondi e ouvi um chiado baixo como se ela tivesse soltado o ar pelo nariz — Eu não sei o que aconteceu, Carey. Não sei o que aquele cara queria. O que importa é que Trent estava lá... — E Jessamine também — e ele me salvou.

— Fico feliz. Odiaria ter que prestar homenagens a você.

Eu sorri.

Olhei para o relógio no meu notebook. Era sexta-feira à noite. E eu estava no telefone com Carey. Normalmente, não era assim que minhas sextas terminavam. Talvez eu devesse chamá-la para beber alguma coisa, para vir até aqui. Não acho que ela recusaria. Ela devia estar tão doida para sair da casa que seu ex-marido ainda morava, da mesma forma que eu estava desesperado para não terminar a noite sozinho e ter pesadelos.

— Certo. Desculpe de novo por te ligar no meio da noite, Russell.

Eu passei a mão pela cabeça de Bolt. Estava prestes a fazer o convite, mas pensei melhor. Não, não era uma boa ideia. Isso só acabaria complicando as coisas.

— Sem problemas, Carey. Boa noite.

Ela hesitou alguns segundos na linha antes de falar "boa noite" e desligar.

Respirei fundo e liguei meu notebook de novo.

— Isso não parece ter saído como planejado.

— Sabe, você diz que precisa guardar energia, mas está aqui toda a noite julgando minhas escolhas de vida — disse sem erguer os olhos. Sabia que Jessamine estava ali perto. Sabia que ela estava por ali desde a ligação de Carey.

— Eu gosto de observar as pessoas desse século — ela falou — O que está procurando?

— Os outros Guias. Quero saber se ele conseguiu matar outros... Podemos dar um nome para essa coisa? Como... Carrie?

O Guia dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora