O Assassino

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Eu estava de volta à delegacia. Tive que passar na ambulância para checar meus ferimentos. O meu pescoço ainda doía um pouco, um pequeno calo se formou atrás da minha cabeça quando Eddie me empurrou contra a parede e havia alguns arranhões nos meus braços pela queda. Fora isso, eu estava bem.

Minha preocupação era o que tinha acontecido com Eddie. Por que seus olhos estavam brilhantes? E o que significava me render?

Eu não acreditava que aquele fosse o Eddie que Nathan mencionou que frequentava a loja de antiguidades. Não. Aquilo era outra coisa.

Jessamine saberia, mas até agora ela não apareceu e isso me preocupava, porque sem ela, não sabia como resolver esse problema.

Avistei Nathan saindo da sala de interrogatório. Rhodes estava atrás dele e nós trocamos um rápido olhar. Ela ficou tão preocupada comigo e com Trenton quando chegamos com sangue respingado pelas roupas que não fez nenhuma pergunta. Se tivesse feito, não teríamos conseguido coordenar uma resposta satisfatória e que não botasse nós três no manicômio.

— E aí?

— Eu fiz o que me pediu — Nathan falou baixo, olhando para os lados — Estávamos no estacionamento quando Eddie atacou vocês dois. Corremos para as docas e ele conseguiu nos cercar. Ele te pegou e Trent atirou.

Assenti com a cabeça. Essa era a saída mais fácil. Dizer que Eddie estava possuído e havia tentado me matar porque sou um Guia não colaria com o Departamento de Polícia de Nova York. Só esperava que Trent conseguisse manter a história.

— Depois de hoje, quero me manter apenas atrás dos livros — ele disse, cruzando os braços sobre a blusa do Led Zeppelin que vestia. Eu sorri — O que foi aquilo, afinal de contas? O que aconteceu com Eddie?

— Eu acredito que Eddie já estava morto antes disso — falei. Nathan assentiu — Me responda uma coisa: você conhece os Guias atuais, certo?

— Não temos contato, mas claro.

— Os Guardiões também têm contato com eles?

— Acredito que sim, só que não tive resposta de nenhum. Talvez os e-mails do meu avô estejam desatualizados — Nathan respondeu — Por que está perguntando isso?

— Deshi Huang é a Guia do Leste Asiático, certo? E Min Huang, sua irmã, é a sucessora.

— Não exatamente. Da última vez que chequei, Min Huang tinha cinco anos, a não ser que a irmã dela morra nos próximos anos, dificilmente ela será a próxima Guia.

— Mas se morresse... — falei e Nathan pareceu entender o que eu queria dizer — Preste atenção no que vou te falar agora... John Gardner é um dos desaparecidos. Era um bêbado, viciado em Poker. O dono do bar que ele frequentava alega ter visto John pela última vez na noite de domingo, mas na segunda à tarde, duas irmãs tiveram as gargantas cortadas dentro da própria casa em Macau. Alguns vizinhos viram um homem alto e com sotaque americano sair da casa. Fizeram um retrato falado e chegaram em John.

Merda — Nathan murmurou, se apoiando contra a minha mesa. Eu sabia que não deveríamos compartilhar tantas informações tão rapidamente com civis, mas isso era urgente. Nathan precisava saber o que estava acontecendo — Como John teria saído de Nova York e chegado em Macau em menos de vinte e quatro horas?

— Aí é que está: todo mundo acha que o dono do bar está mentindo e era o que eu achava, mas então, Eddie tentou me matar e aquele não era o Eddie que você conhecia. Se algo tomou conta do corpo de Eddie, por que não pode ter tomado o de John também? — perguntei. Nathan ficou em silêncio, ruminando minhas palavras — Se existisse uma abertura no Véu em Macau, o corpo de John poderia ter atravessado, certo?

O Guia dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora