Metade dos meus colegas de trabalho já estavam bêbados quando cheguei no bar. Eu cumprimentei alguns deles aglomerados em uma mesa perto da parede de tijolos vermelhos. Trent já estava todo vermelho e eu só via um copo vazio na sua frente.
Pedi uma cerveja no bar. O lugar não era feio. Tinha paredes escuras com pôsteres de bandas de rock e luzes neon, e tocava música boa.
Meus olhos pararam numa mulher de pele escura que dançava perto de uma amiga.
— Acho que ela veio com o namorado.
Eu quase pulei do banco com o susto. Carey estava sentada do meu lado. O cabelo curto estava solto e caia sob seus olhos escuros.
Ela parecia bem melhor do que da última vez que a vi.
— Isso nunca impediu ninguém de sair comigo — respondi. O garçom trouxe a cerveja e eu paguei antes de dar um gole grande — Ainda está irritada comigo por ter resolvido seu caso?
Carey revirou os olhos.
— Eu estava puta porque você me desrespeitou! — ela disse, mas não estava tão brava agora — Olhe, você não entende... Eu sou a única detetive mulher na delegacia. Mesmo que nossa capitã seja mulher, ainda não é o suficiente, as pessoas estão sempre duvidando da minha capacidade e quando você faz essas coisas, só ajuda a dar argumento para eles — Rhodes balançou a cabeça e, naquele momento, eu me senti mal por tê-la colocado nessa posição.
— Eu nunca tive essa intenção, Carey. Apenas queria ajudar.
— Eu sei — ela assentiu e passou o dedo pela água condensada do copo na madeira — A questão é que você não pensa no que faz. Sua impulsividade machuca as pessoas ao seu redor — Carey levantou os olhos para me encarar. Eu sabia do que ela estava falando.
Minha mãe também era assim e ela me magoou muitas vezes nessa vida.
— De qualquer forma, está tudo bem agora — ela ergueu a coluna e abriu um sorriso frouxo — A capitã está feliz com a rápida conclusão do caso e eu disse para ela que não teríamos feito nada sem você.
— Isso é um exagero. Você ajudou me trazendo café naquela manhã.
Carey sorriu de lado. Eu finalizei a bebida com mais dois goles e quando olhei novamente para minha parceira, ela me encarava com curiosidade.
— Como você faz, Russell? — ela perguntou — Você é uma lenda na delegacia, todo mundo está sempre falando como você é um gênio... Eu queria entender.
Sorri fraco.
Eu queria contar para ela que eu não era nenhum gênio, apenas via coisas estranhas desde pequeno e era assustador pra cacete. Queria contar como isso me atormentou até eu encontrar uma utilidade nisso e, pela primeira vez, me senti útil em algum aspecto da minha vida.
Mas Carey pensaria que eu estava fazendo uma piada cruel. Afinal de contas, isso era coisa da TV, de livros e malucos na internet.
Eu não a culpava. Se a situação fosse contrária, eu também não entenderia, mas não ser compreendido ainda doía bastante.
— Eu tenho uma boa intuição. Já disse.
— Não, não é isso. Tem alguma coisa que você não está me contando — ela semicerrou os olhos.
— Ou talvez o álcool subiu pela sua cabeça — Sorri. Olhei para o relógio no meu pulso e suspirei — Eu devia ir pra casa. É muito cansativo olhar para a tela do computador o dia inteiro.
— Tem certeza? Ainda é cedo — Carey franziu o cenho — Nenhum dos rapazes vão agora e eu definitivamente não quero ver Nicholas quando chegar em casa.
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O Guia dos Mortos
FantasiUm fantasma de outro século e um detetive que não confia em ninguém estão prestes a entrar em uma missão arriscada e se envolver em uma relação impossível. Fantasmas existem. Russell T. Montague é capaz de ver fantasmas desde o acidente que matou t...