Capítulo 7

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Ela coloca sua taça em um balcão e entra em um corredor silencioso. Faço um gesto discreto para Michael, indicando-lhe onde estarei, e sigo-a mantendo certa distância, respeitando sua privacidade. Ela para diante de um quadro e passa a contemplá-lo.

— Esta é a melhor parte de vir aqui. Poderia passar horas olhando para ele. — diz, ainda com os olhos fixos na pintura, que retrata um casal abraçado em um gramado florido. Eu dou um passo em sua direção.

— A maneira como ele parece mais lógico e racional pelas formas retas, enquanto ela é representada por círculos, simbolizando sentimento e sensibilidade, me encanta. — continua ela. Seus olhos brilhavam, ela falava com uma paixão que a transbordava.

— Realmente, é um lindo quadro. Acho que já o vi em algum lugar antes. — comento enquanto Liza se vira para mim.

— Sim, pode ter visto, é um quadro muito famoso. Essa aqui é uma réplica muito bem feita. — Ao seu lado, olho novamente para a pintura.

— Eles parecem felizes. — observo.

— Sim. Eles estão tão próximos que parecem até uma coisa só. Gosto de pensar que eles estão perdidamente apaixonados, e que o amor deles fez o gramado florescer.

Desvio meu olhar da pintura e volto-me para ela. A luz amarela do candelabro faz seu vestido dourado reluzir, e percebo uma fina mecha de cabelo solta de sua trança, caindo suavemente sobre seu rosto.

— É uma visão muito bonita. — murmuro, sem saber se me refiro ao quadro.

— Pode me dizer que horas são? — Liza pergunta.

— São 22h43.

— Obrigada. — ela diz, atravessando o corredor de volta à sala. Sigo-a.

Ao avistar Jack na poltrona, ela diminui o ritmo de seus passos até parar completamente.

— Você poderia estar faturando muito mais do que isso, você sabe. — um indivíduo, com um charuto entre os dedos, volta-se para Jack e declara.

— Não é tão simples expandir para aquela área. Da última vez, destruíram todas as minhas máquinas. — responde ele, visivelmente preocupado.

— Você sabe muito bem como vencer essa guerra, só não tem coragem.

— Muitas pessoas se revoltariam se isso vazasse.

— E, ao final... quem possui a maior fortuna leva o troféu. — finaliza o homem, exalando fumaça de sua boca.

Finalmente, Jack parece notar a presença de sua esposa ao seu lado.

— O que foi, querida? - ele pergunta, segurando sua mão. Por mais que eu tentasse, não conseguia evitar sentir repulsa por ele.

— Podemos conversar, só por um minutinho, por favor? — ela pede.

Ele suspira e se levanta, dirigindo-se ao lado esquerdo onde somente o pianista tocava, a fim de conversar com ela. Eu retorno ao lado de Michael.

— Diga-me. — ele diz a ela.

— Desculpe por incomodar o senhor, mas eu poderia ligar para minha irmã? O resultado da faculdade sairia hoje às 22h30. — questiona, movendo o pingente de seu colar e mordendo o lábio inferior.

— Agora? Isso não pode esperar? — Liza não responde, só o encara apreensiva.

Ela deve ter deixado o celular em casa e precisava usar o dele. Se eu soubesse, poderia ter oferecido o meu. Lanço um olhar para Michael, ao meu lado.

— Ela esqueceu o celular? — sussurro. Ele demora um pouco para me responder, presumo que temesse minha minha reação, até que finalmente diz:

— Ela não tem celular.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora