Capítulo 24

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A tarde seguinte transcorreu de forma tranquila. Almocei com Liza porque senti pena de vê-la comendo sozinha, enquanto a cozinha dos funcionários estava tomada pela agitação com todos rindo e conversando.

Mais tarde, usei meu tempo livre para conversar com Alice e planejar nossa viagem juntos. Mesmo sem entender muito bem por que procurava com ela, já que ela não considerava muito minhas preferências e sempre acabávamos no lugar que ela escolhia, fazendo as atividades que ela planejava, mas eu não me importava muito com isso. Acabamos buscando por outros hotéis, pois as datas do que ela queria estavam todas ocupadas.

Depois visto minha roupa de corrida e percorro 10 km pelos jardins da propriedade. Correr ao ar livre em meio à natureza era uma experiência revigorante. Após a atividade, retorno ao quarto dos funcionários, tomo um banho e visto uma roupa menos casual para retomar o trabalho.

Liza terminou sua refeição e, com um breve cumprimento, retirou-se para seu quarto. O ambiente tornou-se silencioso, e eu me questionei se ela já estaria adormecida quando o som do telefone cortou o ar tranquilo.

Ela atendeu, e pela forma como saudou a chamada, logo percebi que era Jack do outro lado da linha.

— Tudo bem, vou mudar para chamada de vídeo. — ouvi ela dizer, e a voz de Jack do outro lado da linha ficou mais audível, permitindo que eu ouvisse o que ele dizia.

— Estou com tanta saudade, meu amor. Você não faz ideia. — disse ele.

— Também sinto sua falta. Como está sendo a inauguração? — perguntou ela.

— Ótima. — respondeu e mudou rapidamente de assunto. — Já disse que estou com saudade de você? Saudade de te ver, de te tocar.

— Sim, você já disse. — Liza riu suavemente.

Até que ele fez um pedido repentino:

— Tire a roupa para mim.

Ela demorou alguns segundos para reagir e parecia desconfortável em sua resposta.

— Agora? Estou um pouco cansada. — murmurou.

— Sim. Agora. Tire tudo para mim. — insistiu Jack.

Era repugnante a forma como ele a tratava como um objeto, e senti meu estômago se revirar. Mesmo estando longe, ele ainda conseguia exercer controle sobre ela, fazendo-a fazer o que ele queria, não importando o quanto ela não quisesse aquilo.

Após esse trecho da conversa, ouvi os movimentos dela pelo quarto, mas não escutei mais nenhum dos dois. Foi uma noite inquieta. Passei perturbado pela repulsa que sentia por Jack e pelo medo do que ele poderia fazer com Liza na minha ausência, pois pelo que pude perceber, ele era capaz de qualquer coisa. Contudo, também me lembrei da conversa que tive com Michael do lado de fora da antiga casa, quando ele disse que não havia nada que eu pudesse fazer. Mas eu não conseguia aceitar isso; tinha que haver alguma forma de tirar Liza daquela situação. Eu não desistiria até encontrar uma maneira.

No dia seguinte, durante a tarde, Dona Lígia, a senhora que era responsável pela limpeza da casa junto com Sara, passa por mim e pede para que eu a ajude a pegar um produto que estava no alto de uma prateleira em um quartinho de ferramentas. Entro no quarto, pego o produto com facilidade e entrego a ela. Ela agradece e sai me deixando sozinho lá. Observo que havia muitas ferramentas e materiais de construção e tenho uma ideia.

Separo alguns pedaços de madeira, um serrote, cordas, uma furadeira e uma escada. Dou a volta pela casa para não encontrar com Liza, queria fazer uma surpresa para ela, enquanto Michael estava em uma reunião com Jack.

Vou para um canto do jardim, onde há grandes árvores, e coloco tudo o que peguei no chão. Analiso as árvores para descobrir qual serviria melhor para o que eu queria fazer. Após encontrar uma árvore perfeita, começo o trabalho. Pego uma tábua de madeira e sigo serrando uma parte dela para que fique exatamente do tamanho que desejo. Em seguida, faço marcações nela com um lápis indicando onde devo furá-la.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora