Capítulo 30

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— Felipe! — A voz de Jack ecoou pelo quarto improvisado dos funcionários. Eu estava no banheiro, escovando os dentes, quando ouvi sua entrada. Apressei-me a enxaguar a boca e fui ao seu encontro.

— Senhor — cumprimentei, inclinando a cabeça como em um gesto de respeito.

— Tenho uma missão especial para você — anunciou ele, com uma seriedade que prendeu minha atenção. — Amanhã à noite, Liza e eu iremos a um coquetel de negócios com algumas pessoas extremamente influentes. Uma das regras do evento é não permitir a presença de segurança ou funcionários particulares. Mas eu não gosto muito dessa regra.

Ele fez uma pausa, lançando-me um olhar significativo.

— Eles já conhecem Michael, então seria inviável levá-lo. Mas eles nunca viram você.

— Quer que eu acompanhe o senhor? — arrisquei, embora a resposta fosse clara.

Ele riu, como se a pergunta fosse desnecessária.

— Sim. Direi a eles que você é um dos novos acionistas majoritários de uma das minhas empresas. E, para que não desconfiem de nada, preciso que leve sua esposa. Pode fazer isso?

Um frio percorreu minha espinha. Levar Alice para um evento onde Liza estaria presente? A ideia parecia completamente insana. Jack me olhava fixamente, sua paciência se esgotando.

— Quer que eu repita minha pergunta?

— Não, senhor — respondi rapidamente. Eu precisava conquistar a confiança dele mais do que nunca. Além disso, participar de um jantar de negócios como um de seus acionistas poderia me proporcionar informações privilegiadas para usar contra Jack no futuro. Recusar não era uma opção, eu não tinha escolha.

— Sim, senhor. Posso fazer isso.

— Perfeito — exclamou ele, batendo uma palma. — Hoje receberemos alguns alfaiates para fazer um traje para você. Com algumas informações, também providenciarão algo para sua esposa.

Antes de sair do quarto, Jack se virou e olhou diretamente para mim.

— Esqueci de mencionar: não leve nenhuma arma de metal. Você passará por uma revista na entrada.

Concordei com um gesto de cabeça. Pensando bem, levar uma arma perto de Alice nessa ocasião realmente não era uma boa ideia, e senti um alívio pelo protocolo de segurança.

Deitei-me na cama, tentando processar o que estava prestes a acontecer. Alice e Liza juntas no mesmo ambiente? Era quase inacreditável. Conhecendo Alice, isso não poderia acabar bem. Temia que ela dissesse algo para provocar Liza ou fizesse algo contra ela, seu ciúmes não conhecia limites.

Não sabia como ela reagiria ao convite, nem como contar, mas queria acabar logo com essa ansiedade, então peguei meu celular e liguei para ela.

— Oi, Fe.

— Oi, Ali.

Um silêncio desconfortável pairou na ligação.

— E aí, vai me dizer por que me ligou ou... vai ficar só calado? — ela perguntou, curiosa. — Estou trabalhando.

— Eu sei, eu sei. Só queria te pedir uma coisa. — disse, fechando meu punho e mordendo os dedos nervoso com a expectativa de sua reação.

— Então, peça. — ela disse, sem entender minha hesitação.

— Bom... — expliquei o contexto do jantar e por que precisava que ela fosse. — E então? Você pode ir comigo?

— Claro. — respondeu, parecendo animada. — Vou adorar conhecer seus chefes, especialmente a doce e indefesa Liza. — o sarcasmo era evidente em suas palavras.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora