Capítulo 22

83 10 0
                                    

Adentramos a residência, e Liza logo se dirigiu ao seu quarto para tomar banho. Michael se aproximou de mim, informando que já havia almoçado, sugerindo que eu fizesse o mesmo, enquanto ele assumiria meu lugar. Aceitei a proposta, pois estava com muita fome.

Dirigi-me à cozinha dos funcionários, onde Maria havia preparado o almoço antes de partir. Havia arroz, farofa, salada e feijoada. Juntei-me a Sara e a outro funcionário, já que ambos ainda não haviam almoçado.

Durante o almoço, Sara entusiasmada compartilhou histórias sobre seu país de origem, o México, enquanto o outro colega demonstrava sua curiosidade sobre a cultura mexicana, fazendo perguntas típicas de quem conhece o país apenas superficialmente, mencionando narcotráfico, sombreros e tequila. Sara, com seu bom humor característico, respondia a todas as perguntas com paciência e simpatia, criando um ambiente agradável à mesa. Após a refeição, ajudei na tarefa de lavar a louça na pia.

Em seguida, dirigi-me à cozinha principal, onde encontrei Liza almoçando no balcão enquanto conversava animadamente com Dona Vera, que fritava bolinhos de chuva.

— Sua filha está de quantos meses? — perguntou Liza.

— Oito — respondeu a senhora enquanto delicadamente colocava a massa no óleo quente.

— Dê meus parabéns para ela. Você poderia ter me contado antes.

— Eu te conheço muito bem e não queria que você se preocupasse. Ela está com esse namorado aí agora, que até o momento parece bom para ela. Não é o pai do bebê, mas está dizendo que vai assumir como se fosse dele. Vamos ver. — explicou enquanto retirava os bolinhos da panela e os envolvia em açúcar e canela, colocando-os em um pratinho à frente de Liza.

— É muito bonito da parte dele.

Ao provar o bolinho, Liza suspirou com nostalgia.

— Meu Deus, faz tanto tempo que não como isso. Eu amo tanto, tanto. Me traz lembranças da minha infância. — disse ela, mordendo o bolinho e vendo a fumaça se elevar.

Em seguida, ela virou-se para mim e perguntou:

— Coma também, Felipe. Você gosta?

— Gosto, mas não precisa, Liza. Obrigado. — respondi.

— Pegue, rapaz. — insistiu Dona Vera. — Não faça essa desfeita comigo.

Liza riu da insistência da senhora. Cedi ao pedido delas e saboreei dois bolinhos, que estavam verdadeiramente deliciosos. Sequinhos, macios e com o doce na medida certa.

— Meu telefone tocou, era Alice, mas optei por recusar a chamada, afinal, estava em meu turno de trabalho e meu horário de almoço havia acabado. No entanto, o telefone continuou a tocar, três chamadas perdidas no total.

— Me desculpe, Liza. Posso atender o telefone no cômodo ao lado? É minha esposa, ela está ligando sem parar e estou preocupado.

— Claro, não precisa nem pedir. — respondeu Liza gentilmente.

— Muito obrigado. — disse a ela, seguindo para o corredor onde não havia ninguém e retornei a ligação para Alice, que atendeu de imediato.

— Oi, o que foi? Aconteceu alguma coisa? — perguntei, preocupado.

— Não, estava no meu horário de almoço e queria falar com você. — respondeu ela.

— Ali, estou em meu turno agora. Não posso falar, a menos que seja importante.

— E aquela história de que você ia me ligar todos os dias? Já vai descumprir no primeiro dia? — retrucou Alice.

— Não, só que eu ia te ligar mais tarde quando meu turno acabasse.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora