À medida que os dias se passavam, minha proximidade com Liza aumentava, confirmando ainda mais minha percepção de seu caráter e integridade. A cada dia, ela demonstrava ser tudo o que eu havia imaginado, e talvez até melhor, quase irreal. Eu não conseguia acreditar que alguém pudesse ser tão puro.
Outra coisa que aumentou foi minha perplexidade em relação à sua cruel privação de liberdade. Sua vida era como a de um pássaro frágil enjaulado. Todas as infinitas possibilidades que imaginamos obter ao enriquecer pareciam desmoronar quando se tratava dela. Cada comportamento e atitude eram programados para agradar seu marido, por mais insignificantes que fossem. Fiquei perplexo ao descobrir que ela não tinha sequer o direito de assistir televisão, ler um livro que não tinha sido comprado por ele ou entrar na internet sem sua presença. Também só poderia sair caso fosse extremamente necessário, como se fosse uma prisioneira em sua própria casa. Ela não parecia ter muito o que se ocupar, exceto quando estava em seu ateliê, onde encontrou um prazer profundo e o único lugar em que parecia poder ser ela mesma. Mas apesar de tudo ela não era uma garota triste, pelo contrário, estava sempre alegre e toda essa situação era profundamente comovente.
Liza mergulhou os pés na imensa piscina da propriedade enquanto comentava:
— Posso falar com o Jack, está tão quente. Você deve se sentir desconfortável com essa roupa.
— Não se preocupe, estou acostumado. No meu antigo trabalho, no escritório onde eu trabalhei, também era preciso usar roupas sociais. — disse enquanto a observava.
Eu realmente me sentia desconfortável, especialmente ao ar livre, onde o calor era mais intenso, mas não queria preocupa-la.
Ela, espirrando um pouco de água no pescoço para se refrescar, sugeriu:
— O ambiente deveria ser mais fresco. Não há necessidade de manter tanta formalidade, pelo menos em dias tão quentes. — ela me olhou com compaixão.
— Não precisa se incomodar, Liza, estou bem, de verdade. — assegurei, percebendo que ela não estava totalmente convencida com minha justificativa, mas optou por não comentar mais sobre o assunto.
Diante da piscina, minha mente foi inundada por lembranças do clube que costumava frequentar com minha irmã, onde conheci Alice. Recordo-me das duas brigando, se debatendo na água, e não consigo evitar soltar uma risadinha.
Liza percebe e sorri para mim:
— O que foi?
— Nada, só estava relembrando algumas coisas. — respondo, enquanto ela continua me observando.
Decido compartilhar com ela:
— Minha irmã e eu costumávamos frequentar um clube perto de casa quando éramos mais jovens, e lá havia uma piscina muito parecida com esta. Foi lá que conheci Alice.
— E foi assim que você se apaixonou por ela? — ela pergunta com um olhar romântico.
— Não, nem perto disso. Éramos muito novos, e ela era uma pentelha. — rimos juntos. — Naquela época, ela era apenas a melhor amiga da minha irmã. Só mais tarde, por volta dos dezoito anos, é que começamos a sentir interesse um pelo outro.
Liza mostra um interesse genuíno e me encoraja:
— Por favor, continue. Adoro ouvir histórias de amor.
Fiquei pensativo e rapidamente me veio à mente um filme com todos os momentos que eu e Alice vivemos juntos até o momento, não sei se era exatamente a história de amor que ela esperava ouvir. Também fiquei com pena dela, pela forma como ela vivia e se expressava em sua arte era perceptível que sonhava em viver um grande amor e considerando seu relacionamento com Jack, esse sonho não poderia estar mais distante da realidade.
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Entre o Perigo e a Paixão
Romance"Ela já tinha aceitado passar o resto de sua vida com seu marido abusivo pela sua família, até a chegada de um guarda-costas que a salvou." Após ser demitido repentinamente e ver sua esposa sobrecarregada, Felipe se vê sem rumo. Desesperado, sua úni...