Capítulo 12

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Atendendo ao pedido de Liza, troquei de roupa, optando por algo mais casual que não comprometesse minha agilidade e que desse para esconder meu revólver, caso surgisse algum imprevisto. Por sorte, havia algumas peças minhas no quarto dos funcionários. Em pouco tempo, eu estava pronto, e alguns minutos antes das 17h, Liza também estava preparada. Vestia um conjunto bege, composto por uma saia curta plissada e um colete de botões, complementado por sapatilhas bailarinas. Parte de seu cabelo estava presa para trás com um laço preto de cetim preto. Parecia mais à vontade nesse traje do que nos vestidos elegantes e ousados que usava para jantar com seu marido.

Enfrentamos um congestionamento que acabou prolongando nossa viagem para além de uma hora até alcançarmos a casa dos pais de Liza. Segundo o que eu havia escutado, ali residiam os pais de Liza, dois dos seus avós e quatro dos seus irmãos.

A casa estava localizada em um lugar privilegiado dentro de um condomínio, destacando-se por seu estilo moderno. Tratava-se de um sobrado de dois andares, com uma ampla área externa que incluía uma grande piscina, um salão de jogos e uma área de churrasqueira, onde a festa estava ocorrendo. A primeira pessoa a nos avistar foi uma jovem morena, cujos traços lembravam os de Liza, porém longe de ser tão bonita. Ela se apressou em nossa direção assim que nos notou.

— Abelhinha, não acredito que você realmente veio! — ela abraça Liza e a gira ao redor.

Outros dois se juntam à cena, pulando animadamente em volta dela, enquanto Liza ri, os olhos brilhando com lágrimas de felicidade.

— Tomem cuidado, gente. Vão derrubá-la! — adverte uma mulher mais velha, se aproximando.

— Liz! Liz! Eu ganhei uma boneca nova. Vem ver! Vem ver! — exclama uma criança, puxando o braço de Liza com entusiasmo.

— Calma Lívia. Ela acabou de chegar. Dá um tempo. — intervém o irmão mais velho, provocando uma careta zangada na mais nova.

— Eu vejo, Liv. — Liza responde, entre risos.

Heitor se aproximou com um sorriso brincalhão.

— Nossa, eu devo ser importante mesmo, não é? Você veio na minha festa? — ele dá um beijo na bochecha da irmã. — E o maridão não veio?

— Infelizmente, ele não pôde vir. Ficou preso no trabalho. — O olhar do mais velho se voltou para mim, penetrante e desconfiado. — E quem é esse aí?

Liza corou, percebendo sua falha.
— Ah, me desculpe. Vocês me distraíram e eu acabei me esquecendo de apresentá-lo. — ela lançou-me um olhar constrangido. — Este é Felipe, meu novo amigo.

Todos os seus irmãos direcionaram seus olhares para mim, observavam-me com uma mistura de curiosidade e desconfiança.

— É um prazer conhecê-los. — murmurei, sentindo-me um tanto desconfortável com a atenção repentina.

A mulher que eu presumia ser a mãe de Liza foi a primeira a me recepcionar.

— Seja muito bem-vindo, Felipe. Sinta-se em casa.

Antes de mais nada, certifiquei-me de que Liza conhecia todos os presentes na festa, eliminando qualquer suspeita inicial. A festa não estava muito cheia, havia apenas cerca de 30 pessoas, sua família e alguns amigos de Heitor. Todos se pareciam muito mais como pessoas comuns, muito diferentes dos socialites, políticos e pessoas influentes com quem Jack e Liza costumavam conviver em outros eventos.

Após os cumprimentos, nos acomodamos ao redor de uma mesa de mármore, no centro da área externa. O aroma tentador das pizzas se misturava com as batidas animadas das músicas que preenchiam o ambiente. A princípio, eu não tinha planos de comer, mas Liza insistiu com tanto carinho que não consegui recusar.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora