Capítulo 32

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Caminhei rapidamente entre os convidados e seguranças, até chegar ao salão das estátuas mitológicas, de onde vinha o som de alguém chorando. Quando abri as portas, encontrei Alice deitada no chão, sem os saltos, chorando copiosamente. Meu coração se partiu ao vê-la assim, especialmente porque sabia que eu era o motivo de seu sofrimento.

- Ali...

— Saía daqui. Eu quero ficar sozinha. Volte para ela. — disse ela, a voz entrecortada pelos soluços. — Isso é tudo culpa minha. Eu nunca deveria ter deixado você aceitar esse emprego.

— Não diga isso. — repliquei, minha voz embargada pela culpa e pela dor de vê-la naquele estado. — Você sabe que não tínhamos outra escolha.

Alice levantou o olhar, seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas encontrando os meus.

— Nós tínhamos escolha sim. Eu devia ter insistido para você recusar.

— Por favor, Ali, me escute. — implorei, segurando sua mão com delicadeza. — Eu fiz isso por nós, por um futuro melhor.

Enquanto me ajoelhava ao seu lado, notei uma garrafa caída perto de sua mão trêmula, provavelmente adquirida em algum momento no caminho até ali.

— Você deveria parar de beber um pouco. Você vai passar mal. — disse suavemente, estendendo a mão para pegar a garrafa da sua mão trêmula.

Ela deu um tapinha na minha mão e afastou a garrafa.

— Pare! Me deixe! Isso é a única coisa que me faz suportar... — sua voz falhou no meio da frase, a dor transparecendo em cada palavra.

Respirei fundo e me sentei ao seu lado, oferecendo um abraço reconfortante. Ela se deixou envolver pelo abraço, seu rosto se apoiando em meu peito enquanto as lágrimas continuavam a escorrer. Eu podia sentir a angústia em cada tremor do seu corpo, o peso da situação pairando sobre nós como uma nuvem sombria.

— Eu não consigo fazer essa dor parar. — soluçou ela, suas palavras ecoando na sala vazia.

— Eu entendo que você está sofrendo. Mas não é como você está pensando. — disse, tentando encontrar as palavras certas para acalmá-la.

— Até mesmo um cego perceberia a forma como você olha para ela. Eu sabia que não era apenas imaginação minha, eu sentia isso, era como se soubesse que algo assim estava acontecendo, mas ver isso diante dos meus olhos é uma dor que não consigo descrever.

Eu me sentia perdido, sem palavras para confortá-la, pois eu mesmo estava confuso em relação ao que estava sentindo. Não conseguia discernir o que era real e o que não era. Será que ela tinha razão? Será que meus sentimentos por Liza eram maiores do que eu imaginava? No entanto, não podia permitir que Alice sofresse daquela maneira. Nesse momento, não estava disposto a arriscar meu casamento por um sentimento que ainda nem conseguia nomear.

— Sabe o que é pior? Você nunca olhou para mim daquela maneira.

Sentia o peso das suas palavras, como se cada uma delas fosse uma flecha perfurando meu peito.

Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas para responder, mas ela não deu espaço para isso, continuando com desespero e resignação.

— Olhe para ela. Na verdade, não precisa, porque você não consegue parar de olhá-la. Ela é linda, delicada, usa joias e roupas luxuosas e ainda é toda boazinha. Tudo o que sempre desejei ser. Mas eu nunca serei ela, nunca poderei competir com isso e aceitar que te perdi está sendo dilacerante. — disse bem perto do meu rosto de forma que eu consiga sentir o hálito de álcool.

— Ali... eu te amo.

Ela riu em meio às lágrimas que borravam toda a sua maquiagem.

— É a história de amor perfeita: você, o herói que salva a princesinha em perigo do marido cruel, e quem sou eu no meio disso tudo? A esposa maluca e ciumenta que estraga tudo.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora