Acordei no meio da noite, suando. Verifiquei a hora no meu celular: 4h35 da manhã. A noite estava fria, a janela do quarto embaçada, e Alice dormia profundamente ao meu lado na cama. Ciente de que minhas tentativas de voltar a dormir seriam em vão, coloquei uma calça, um moletom e tênis de corrida, e fui até a casa do meu pai. Embora não fosse uma caminhada curta, a corrida sempre me ajudava a espairecer. O moletom se ajustava ao meu corpo, em uma batalha contra o vento cortante que tentava roubar meu calor. Enquanto corria, meus pensamentos tumultuados se entrelaçavam com o ritmo constante da corrida. Quando cheguei à casa do meu pai, estava suado e exausto. Abri o portão com a chave do bolso e entrei. Na sala vazia e silenciosa, sentei-me no sofá, esperando que meu pai acordasse.
Passos ressoaram na cozinha, anunciando a chegada de minha mãe. Seus olhos encontraram os meus e um suspiro histérico escapou de seus lábios.
— Meu Deus, Felipe, você quase me matou de susto! — exclamou, uma mão sobre o peito enquanto recuperava o fôlego.
— O que você está fazendo aqui tão cedo, às 5 da manhã? — perguntou, visivelmente preocupada.
Ofegante ainda pela corrida, lutei para articular as palavras.
— Vim falar com o papai sobre algo sério. Mas eu espero ele acordar. — respondi com dificuldade.
Ela se sentou ao meu lado, seus olhos buscando os meus, uma xícara em suas mãos trêmulas.
— Você precisa me contar o que está acontecendo, estou preocupada. Nunca te vi assim. Está tudo bem, filho?
Tentei controlar minha irritação enquanto respondia:
— Estava tudo bem, até o papai me colocar nessa enrascada.
— Como assim? Você está falando do seu novo trabalho? — indagou, buscando entender.
— Sim, é exatamente disso que estou falando. — respondi com firmeza.
Ouvimos passos vindo das escadas e nossas cabeças se voltaram instantaneamente na direção do som.
— Que barulheira é essa uma hora dessas? — meu pai, visivelmente incomodado por ter sido acordado, me olhou com os olhos semicerrados, típicos de quem acabara de despertar. - O que você está fazendo aqui?
Uma onda de indignação tomou conta de mim.
— Como você pôde fazer isso comigo? Me colocar no meio disso. — desabafei, encarando-o com seriedade.
Ele me fitou em silêncio, seu rosto sério revelando que estava pensando cuidadosamente sobre minhas palavras. Percebendo a tensão que se formava, minha mãe optou por deixar o cômodo, nos deixando a sós.
— Você não tinha outra opção. Eu estava tentando te ajudar. É lamentável que o meio ambiente e muitas comunidades sofram por isso, mas você precisava priorizar o sustento da sua família. E caso um dia Jack seja descoberto e punido, ninguém poderá acusá-lo de ter conhecimento ou envolvimento. - meu pai explicou com um tom conciliador.
— Meio ambiente? Comunidades? Do que você está falando? — questionei, irritado e confuso.
Ele pareceu levar um momento para compreender, mas logo sua expressão mudou.
— Não é disso que você está falando? Das atividades ilegais das corporações de Jack?
Estava confuso, sem entender do que ele estava falando e, naquele momento, não me importava.
— Não, claro que não. Estou falando do que ele faz com Liza.
— Ahh, Liza — murmurou, parecendo finalmente entender, e permaneceu em silêncio, permitindo que eu continuasse a me explicar.
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Entre o Perigo e a Paixão
Romance"Ela já tinha aceitado passar o resto de sua vida com seu marido abusivo pela sua família, até a chegada de um guarda-costas que a salvou." Após ser demitido repentinamente e ver sua esposa sobrecarregada, Felipe se vê sem rumo. Desesperado, sua úni...