Capítulo 23

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— Acho que não levo jeito pra isso. — murmuro desanimado enquanto observo minha pintura, que deveria ser um buquê de flores, mas parecia bem diferente disso.

Liza, sempre encorajadora, responde prontamente:

— Claro que leva. É apenas uma questão de prática. Não existe certo ou errado, e é isso que torna tudo divertido.

Deixo escapar um sorriso leve diante de suas palavras, mas minha autocrítica persiste.

— Mas minhas flores se parecem mais com ervas-daninhas. — digo, fazendo ela rir. Como eu amava sua risada.

Estávamos na varanda, concentrados em nossas pequenas telas, tentando reproduzir o vaso de flores sobre a mesa.

— Deixe-me ver como está ficando. — disse Liza, levantando-se da cadeira e caminhando na minha direção.

— Estou envergonhado. Você é tão talentosa.

— Suas flores estão lindas, Felipe. — ela elogiou, admirando minha tela por trás. — Se na minha primeira vez pintando, eu já conseguisse fazer algo assim, eu teria poupado muito esforço.

— Você só não consegue evitar ser gentil. — brinquei.

— Eu não minto. Você realmente fez um ótimo trabalho. — disse com sua voz suave e meiga.

— Eu só tive uma boa professora. — falei, piscando para ela, que respondeu com um sorriso.

Concluímos nossas pinturas, e como esperado, o quadro de Liza estava simplesmente deslumbrante.

— Você tem uma forma tão encantadora de enxergar o mundo. Você vê beleza até nos detalhes mais simples e consegue reproduzir isso lindamente. — elogiei — Acredito que seja essa sensibilidade que faz de você uma artista tão incrível.

Ela corou levemente, um sorriso tímido surgindo em seu rosto enquanto me olhava de maneira desconcertada.

— Obrigada por suas palavras. — murmurou, parecendo genuinamente tocada pelo elogio.

A varanda da casa estava banhada em uma luz dourada, criando uma atmosfera acolhedora e tranquila. As plantas no jardim balançavam suavemente ao vento, como se também estivessem envolvidas em nosso momento.

— A arte nos conecta com partes de nós mesmos que muitas vezes deixamos adormecidas. — ela acrescentou, sua voz suave ecoando pela varanda. — E é maravilhoso compartilhar isso com você.

Nossos olhares se encontraram em um silêncio confortável, onde as palavras pareciam desnecessárias. Levantamo-nos das cadeiras, guardando nossas telas com cuidado.

— Vou subir para o quarto e vestir uma roupa de banho. Estou pensando em dar um mergulho na piscina. Coloque uma bermuda também. — ela anunciou antes de se encaminhar para o andar superior da casa.

Segui suas instruções, aliviado por deixar para trás a calça que me fazia suar. Mantive a mesma camiseta, pois ainda estava confortável com ela.

Ao retornar, ela estava vestindo uma saída de banho branca que combinava com seu maiô e chinelos, criando um ar despretensioso ao seu redor. Com delicadeza, segurava uma toalha em suas mãos enquanto caminhávamos juntos em direção à área da piscina.

Me acomodei em uma das cadeiras sob o guarda-sol, buscando alívio daquele sol intenso. Enquanto isso, ela tirava seu vestido e mergulhava na água refrescante.

— Você não vai entrar? — perguntou, depois de dar um mergulho. — A água está uma delícia.

— Não Liza. — sorri em resposta. — Pode se divertir, estou bem aqui.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora