Vortex

1º Capítulo

HARVEY

Hoje em dia, parece que você está sempre sob os holofotes. Câmeras em cada esquina, vigilância digital, as autoridades monitorando cada passo que você dá. Ligue um computador, use seu celular, e você está no radar. Mas no mundo do contrabando, as regras do jogo são diferentes. É um universo onde a discrição é a chave, onde ser invisível é o seu maior trunfo. Eu sou um fantasma, e no mundo sombrio do contrabando, sou conhecido por muitos, mas visto por poucos.

       No meu negócio, não se trata apenas de ter a mercadoria certa; trata-se de saber como movê-la sem ser detectado. Estamos falando de uma teia global, onde cada movimento precisa ser meticulosamente calculado. Não existe GPS que possa rastrear meus passos, nenhuma digital deixada para trás. Cada acordo, cada transação é um ato cuidadosamente coreografado, executado com precisão cirúrgica.

       As autoridades? Elas estão sempre tentando nos alcançar, mas estamos sempre um passo à frente. Enquanto elas dependem de tecnologia e força bruta, nós nos movemos nas sombras, usando a astúcia e a inteligência. Os agentes no terreno tentam nos rastrear, mas como você caça um fantasma? Como você encontra alguém que se dissolve no ar, deixando apenas um sussurro?

       Eu sou Harvey Clifford, o homem por trás de um dos maiores impérios de contrabando que o mundo já viu. E enquanto você está lendo isso, provavelmente já estou planejando meu próximo movimento, sempre fora do alcance, sempre invisível. Não me chame de herói, mas também não me apresse em me chamar de vilão. Neste mundo, a linha entre certo e errado é tão tênue quanto o fio de uma navalha.

       — Harvey, temos uma oportunidade de expansão. Uma nova corporação de contrabando no norte. Eles querem fazer uma aliança com nosso comércio de compras e vendas.

       Olhei para ele, minha expressão revelando cautela.

       — Paulie, você sabe que não nos envolvemos com contrabando de armas. Isso atrai um tipo de atenção que não precisamos.

       Ele balançou a cabeça, impaciente.

       — Isso é uma chance de ouro, Harvey. Eles têm recursos, conexões. Poderíamos expandir nossas operações, entrar em novos mercados.

      — Mais risco, mais problemas — retruquei firmemente —, conheço os perigos desse ramo. Não vamos sacrificar nossa discrição por uma aliança incerta. Você está maluco, Paulie!

       Paulie insistiu, havia um tom de frustração em sua voz.

       — Mas pense no lucro, na influência que ganharíamos. Isso nos colocaria no topo, Harvey.

       — E colocaria um alvo nas nossas costas. Não estou disposto a me arriscar assim, especialmente por uma corporação que mal conhecemos. Pense, Paulie. Ei, ei, pense direito. — Cutuquei a testa dele com o dedo.

       No entanto, Paulie tentou outra abordagem.

       — Eles são poderosos, Harvey. Podemos usar isso a nosso favor. Ficar um passo à frente da Interpol.

       — Não quando esse passo nos leva direto para o fogo cruzado — respondi. — Nosso sucesso não se mede apenas em lucro, mas na habilidade de permanecer invisíveis, Paulie. Somos fantasmas aos olhos dos federais.

       Paulie suspirou, sabendo que eu não cederia facilmente.

       — Você sempre foi o cérebro por trás disso tudo. Mas às vezes, precisamos correr riscos. Não seja covarde, irmão. Não foi isso que o tio Vincent lhe ensinou.