26º Capítulo

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SIDNEY

— O Bennet não tinha ido dormir em casa ontem? — perguntei, ao cruzar com o namorado de minha tia enquanto ele deixava a nossa casa na segunda-feira pela manhã.

— E ele foi, mas pedi que ele voltasse assim que a sua irmã resolveu aparecer aqui de última hora, logo depois que você saiu — Andrea disse, tentando esconder o quanto estava péssima com toda aquela situação.

Fui até a cafeteira e enchi a minha xícara com café preto e sem açúcar; perfeito para começar aquela semana que tinha tudo para ser uma loucura.

— A Danny esteve aqui depois que eu saí? — perguntei, preocupada.

— Sim, e se eu entendi direito, ela estava achando que iria ficar aqui em casa conosco. Nós tivemos uma briga terrível, Sid. Eu não quero nem mencionar as coisas que foram ditas, mas dessa vez a sua irmã passou de todos os limites do aceitável!

— Isso não me surpreende em nada, Andrea. Passar dos limites com as pessoas é o que a Dannyelle mais gosta de fazer na vida.

Andrea esfregou o rosto com as duas mãos, indicando o seu nível de exaustão naquela manhã. Se eu bem a conhecia, ela não havia dormido absolutamente nada na noite anterior, e isso era algo que tínhamos em comum, já que logo após seguir as pistas enviadas por Bruno a respeito do paradeiro de Liam, eu havia voltado para casa com a sensação de que estava sendo vigiada a cada novo passo que dava. Dormir parecia não ser mais uma opção viável para aqueles dias, e eu já estava me acostumando com isso.

— Não sei como ela ainda pode ser assim, Sidney; ela sempre teve tudo, e até mais do que você teve, então por que ela não pode simplesmente nos deixar em paz de uma vez por todas?

Bebi o meu café em silêncio, pensando sobre aquilo; lembrando de cada situação onde fomos colocadas uma contra a outra pelo nosso próprio pai, o homem que deveria servir como mediador para aquele tipo de situação era quem mais parecia gostar de nos ver em pé de guerra.

— A Danny é uma pessoa ruim, tia Andrea, e nós duas sabemos disso. Desde a nossa mudança para Londres ela piorou ainda mais; era como se de alguma forma ela estivesse sendo recompensada por ter sido uma boa garota e nunca ter ido contra a ideia de nos mudarmos para lá, enquanto eu era o problema a ser combatido, a filha ingrata que nunca entenderia que todas aquelas coisas haviam sido feitas para garantir a minha segurança e o meu bem-estar.

Andrea, sentada junto à mesa, com a cabeça presa entre os pulsos enquanto mantinha os cotovelos cravados na mesa, sequer olhou para mim ao ouvir aquilo. Aquela era a primeira vez que eu a via tão estressada em toda a minha vida.

— Sidney, ouça o que vou te dizer, querida — ela pediu, séria. — Ninguém nessa vida lamenta mais do que eu todas as coisas pelas quais você passou até aqui, entendeu? Eu daria tudo para poder voltar no tempo e ter a chance de manter você aqui, comigo, de um jeito que você nunca precisasse ter contato com pessoas como a sua irmã ou o seu pai, e até mesmo como o Liam. Acredite, Sid, eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance para conseguir voltar no tempo e te proteger de convivências tão nocivas quanto essas às quais você foi submetida ao longo da vida.

— Eu acredito, Andrea, você sabe disso — eu disse, me inclinando em direção a ela para beijar o topo de sua cabeça. — Eu não estou mentindo quando digo que adoraria que você fosse a minha mãe. Tenho certeza de que tudo teria sido muito mais fácil para nós duas, sabe?

Ela assentiu, parecendo perdida em seus próprios pensamentos. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas tinha medo que de alguma forma as coisas entre minha tia e eu mudassem por conta de todos aqueles acontecimentos. Ela era o mais próximo que eu tinha de uma família no momento, e simplesmente não suportaria perdê-la novamente depois de todos aqueles anos.

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