SIDNEY
ー Você parece péssima ー Bruno observou, me olhando de soslaio enquanto dividíamos um banco no parque. Havíamos corrido por quarenta minutos ao redor do rio, e eu estava tão ofegante por conta do cansaço que sentia a camiseta que usava por baixo do moletom grudar nas axilas.
ー Eu não pareço, eu estou péssima ー falei, deslizando para baixo, demonstrando o meu nível de esgotamento físico. ー De onde diabos você tirou que eu seria capaz de acompanhar o seu pique, Nolan?
Ele riu, conferindo as horas em seu relógio inteligente, que indicava os seus batimentos cardíacos, quantos passos ele já havia dado no dia e quanto de água ele ainda precisava beber para considerar-se um homem hidratado.
ー Você é uma federal, Pryor, é a sua obrigação acompanhar o pique de uma corrida como a que acabamos de fazer ー ele ralhou, olhando para mim.
ー Há-há ー falei, ignorando o tom zombeteiro em sua voz. ー De qualquer maneira, eu não sabia que já tínhamos intimidade o suficiente para você bater em minha porta tão cedo e me convocar para uma corrida no parque.
Bruno gargalhou, assistindo enquanto alguns patos nadavam em grupo na beira do rio.
ー Você me contou a sua vida inteira, Sidney; do que mais precisa para considerar que já temos intimidade o suficiente um com o outro até mesmo para fazermos uma corrida juntos numa segunda-feira de manhã?
Tirei os cabelos da testa e os afastei para o lado, sentindo o choque do vento frio contra a minha pele suada por conta da corrida.
ー Te contei a minha vida inteira e ainda assim sinto que não sei absolutamente nada sobre você ー constatei, encarando-o.
ー O que você quer saber? ー ele perguntou. ー Não há respostas sem perguntas, Sidney.
ー Você é casado? Tem alguém? Para quem era o pedaço de bolo que você levou depois que jantamos juntos no Dandelion's?
Bruno assoviou, rindo de todas as minhas perguntas, como se eu fosse uma criança especuleira de quem ele precisava se livrar o quanto antes.
ー Sim, Pryor, eu sou casado. O pedaço de bolo que eu levei após o nosso jantar no Dandelion's era para a minha esposa, que está grávida e impossibilitada de sair de casa por algumas semanas.
ー Por quê?
ー É uma gestação de risco. O obstetra dela sugeriu que ela repouse e trabalhe de casa até quando puder, então estamos evitando qualquer atividade que exija dela muitos esforços físicos, ou qualquer outra coisa que possa agravar ainda mais a situação dela e do bebê.
Arqueei as sobrancelhas enquanto ouvia aquilo, admirando-os por terem tanta força naquela situação.
ー Lamento que estejam passando por isso, Bruno.
ー Está tudo bem, Sidney. Estamos tirando a situação de letra, se é o que quer saber ー ele disse, parecendo sincero. ー De certa forma, eu acho que ela está gostando desse período em casa, porque sempre que ligo para saber como estão as coisas ela me pede algo da rua, ou então anuncia um desejo novo, que surgiu no meio da tarde, enquanto ela participava de uma reunião qualquer via chamada de vídeo.
ー Pelo menos um de vocês dois está se divertindo com tudo isso, não é?
ー Sim, você tem razão ー ele concordou, tentando observar todos os cantos do parque de uma só vez, como uma águia que tenta ter uma visão ampla de todo o território abaixo de si. ー Ela merece aproveitar este momento, Pryor; as primeiras semanas após recebermos a notícia foram as piores possíveis, sabe? Estávamos tão assustados com a possibilidade de perdermos o nosso bebê que sequer conseguíamos respirar por dois minutos sem pensar no assunto ou falar sobre ele.
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Vortex
RomanceImpelida a afastar-se de sua carreira como agente do FBI, Sidney Pryor retorna à sua cidade natal disposta a recomeçar sua vida. Contudo, o destino a reconduz ao epicentro do vórtex que acredita nunca ter deixado. Envolvida em um redemoinho de amor...