23º Capítulo

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SIDNEY

ー Você gostaria de embrulhar tudo para presente? ー A atendente da loja perguntou, logo após eu realizar o pagamento das coisas que havia comprado para o filho de Bruno.

ー Sim, por favor ー eu disse, andando pelo pequeno estabelecimento. A loja tinha as paredes e prateleiras abarrotadas de itens para bebês e crianças pequenas. Uma quantidade infinita de conjuntos fofinhos e brinquedos que sequer seriam utilizados por mais de duas ou três vezes.

Sempre pensei naquela coisa de ser mãe. Eu não tinha medo da maternidade, muito pelo contrário. Eu só não pensava nela com frequência, principalmente depois que me tornei agente do FBI. Às vezes me assustava a ideia de pôr um ser no mundo e ter de deixá-lo sozinho após morrer em alguma missão arriscada. Nada pior do que uma criança crescer sem o pai ou a mãe por perto, isso era tudo em que eu pensava.

ー Aqui está ー ela disse, erguendo a sacola em minha direção. Dentro dela, havia um lindo embrulho dourado, onde ela havia colocado as roupinhas e os demais itens que comprei para o pequeno Christopher.

ー Obrigada ー falei, e me virei em direção à porta, bem a tempo de ver a sombra de um conhecido passar rapidamente pela calçada, me fazendo estremecer, exatamente como apenas uma alma penada conseguiria fazer.

Era Liam. Dei alguns passos em direção à saída e fiquei escondida atrás da vitrine, até vê-lo sumir junto de outros transeuntes. Ele carregava uma mochila de couro nas costas, como se estivesse apenas de passagem. Peguei o celular e tirei uma foto, certa de que aquilo serviria como prova para que as pessoas não me chamassem de louca por supor que ele estava na cidade.

Me despedi da atendente e saí em direção oposta a dele, andando a passos rápidos de volta para o carro. Coloquei o presente de Christopher no banco ao meu lado e digitei uma mensagem para Sasha, enviando a foto de Liam logo em seguida com os seguintes dizeres: "Resolva isto."

Eu não lidaria com aquele problema sozinha. Não daquela vez. Dirigi para o outro lado da cidade, onde ficava a casa de Bruno e Gwen. Quando toquei a campainha, não demorou muito para que ele viesse atender, com cara de pouquíssimos amigos, como já era de se imaginar que estaria.

ー Entre, a Gwen está ansiosa para ver você ー disse, me puxando para dentro após se certificar de que ninguém havia me seguido até lá.

ー Oi para você também, Nolan ー eu disse, seguindo-o pelo corredor. ー Eu estou ótima, obrigada por perguntar.

Bruno não disse nada. Continuou me guiando até os fundos da casa, onde Gwendolyn repousava em uma cadeira de balanço confortável na varanda. Sua barriga parecia estar ainda maior que na noite em que nos conhecemos. Ela estava radiante.

ー Sidney! Que bom que você chegou ー ela disse, abrindo um sorriso alinhado e receptivo ao me ver. Fez sinal com as duas mãos para que eu me aproximasse. ー Venha aqui, quero dar uma olhada em você.

ー Você está linda, Gwen. Cada dia mais linda ー eu disse, me abaixando para beijar seu rosto.

ー Você só está sendo gentil ー ela rebateu, sorrindo. ー Eu me sinto uma bola de basquete, se é o que quer saber. Cada dia mais tenho vontade de arrancar o pequeno Nolan de dentro de mim com as minhas próprias mãos!

Eu ri, colocando o presente no colo dela, ansiosa para que ela visse.

ー Comprei isto para o Chris. Espero que goste.

ー Você não precisava se incomodar, Sid, de verdade ー ela falou, desfazendo o laço bonito que a atendente da loja havia colocado junto ao pacote.

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